29.11.04

Sobre carinho e amizade

Três pessoas muito especiais estavam juntas vivendo um momento mágico, único. Eu deveria estar lá, mas fui impossibilitado por motivos absolutamente alheios à minha vontade. Na minha ausência, elas me ligaram. Cada uma delas veio ao telefone para dizer que me amava.
(...)
Naquela noite, isso fez toda a diferença.

25.11.04

Por quê fui à Floresta

Eu pretendia fazer hoje um protesto virtual contra o calor infernal que faz no Rio de Janeiro. Mas pouco antes chegar por aqui, deparei-me com o texto de uma grande amiga, preocupada com o passar dos anos, a ânsia de viver, e o medo de chegar à velhice com a impressão de não ter feito tudo o que podia para ser feliz. São preocupações legítimas. Acho que todos pensamos nisso em algum momento. Quem não pensa, deveria pensar. A leitura me lembrou de um filme que marcou minha vida em vários sentidos. A primeira vez que senti vontade de fazer teatro em toda minha ainda breve existência foi ao ver trechos de "Sonho de uma Noite Verão", de Shakespeare, encenados em "Sociedade dos Poetas Mortos". Que eu tenha experimentado a felicidade pisar pela primeira vez num palco participando justamente de uma montagem dessa peça é uma outra história a ser contada. O exemplo é só para ilustrar o quanto o filme significou para mim. Considerem que, naqueles tempos, eu era o feliz estudante de um rígido colégio para moços, interessado em literatura e poesia; e imaginem o grau de identificação que tive com os personagens da obra. Bem... o velho clichê Carpe Diem não precisa ser novamente lembrado e repetido. Letras Mortas não se prestará a isso. Mas vou tomar a liberdade de reproduzir algumas linhas citadas no roteiro, que têm muito a ver com o assunto em questão. Espero que deixem minha amiga - e todos que passarem por aqui - com o espírito um pouco mais leve:

"I went into the woods because I wanted to live deliberately. I wanted to live deep and suck out all the marrow of life... to put to rout all that was not life; and not, when I came to die, discover that I had not lived." - Henry David Thoreau

Com a livre tradução do jovem filósofo contemporâneo: "Eu fui à Floresta porque queria viver deliberadamente. Eu queria viver profundamente, e sugar a própria seiva da vida... expurgar tudo o que não fosse vida; e não, ao morrer, descobrir que não havia vivido"

E ainda os versos de Robert Herrick:

To the Virgins, Make much of Time

Gather ye rosebuds while ye may,
Old time is still a-flying,
And this same flower that smiles today,
To-morrow will be dying.

The glorious lamp of heaven, the sun,
The higher he's a-getting,
The sooner will his race be run,
And nearer he's to setting.

That age is best which is the first,
When youth and blood are warmer;
But being spent, the worse and worst
Times still succeed the former.

Then be not coy, but use your time,
and while ye may, go marry;
For having lost just once your prime,
You may for ever tarry.

Essa eu não vou traduzir porque vai dar mais trabalho, e estou de saída para a academia, o que para mim representa uma significativa porção do conceito de "Aproveitar o Dia". Faça você o mesmo, seja como for.


22.11.04

Meninos, eu vi! (e gostei!)

Três vivas para a loiraça russa de olhos verdes.
Três vivas para a morenaça russa de olhos azuis.
Santo Deus! Será que por lá todas as mulheres são assim?!
O judoca e ex-agente da KGB Vladimir Putin visitou o Brasil nesta segunda-feira. Reuniu-se com o presidente Lula e formalizou seu apoio a que os tupiniquins tenham um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU, por sua importância estratégica como país continental e líder natural da Amárica Latina. Mas suspender o embargo à carne brasileira que é bom... nada. O curioso é que, depois de visitar o Corcovado e o Maracanã, o manda-chuva russo encerrou sua visita oficial... numa churrascaria. E se esbaldou na picanha que eu sei, porque estava lá.

19.11.04

Uma grande e íntima revelação

Carlos Lessa foi destituído da presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social nesta quinta-feira. Para os leitores menos afeitos ao noticiário, vai aí minha singela contribuição para que se mantenham atualizados sobre os acontecimentos do país. O que isso muda na sua vida? Pouca coisa ou quase nada. Na verdade foi uma decisão política, e o velho professor já estava na marca do pênalti há muito tempo. O substituto, Guido Mantega, não é tão simpático e afeito a declarações de efeito, mas é cortês, não acho que teremos problemas de cobertura jornalística com ele. Mas o assunto aqui não é esse. O assunto é uma grande e íntima revelação pessoal, que só terei coragem de fazer ao fim texto. É algo de impacto, forte; se você é cardíaco(a) ou tem estômago fraco, recomendo que cesse a leitura e volte outro dia. Voltando ao Lessa... sua saída me rendeu um plantão na sede do BNDES. Foram horas e mais horas de não-trabalho, sentado na sala de imprensa com jornalistas de vários outros veículos esperando informações oficiais que tardavam a chegar, alimentando vãs expectativas sobre a possibilidade de uma entrevista coletiva que - todos sabíamos desde o início - não iria acontecer. O lado ruim: um dia improdutivo. O lado bom: a chance de colocar o papo e as besteiras em dia com alguns colegas que valem tão pouco quanto eu. Dei sorte nesse plantão. Acho que há muito não me divertia tanto em horário de trabalho. Nesse sentido, pode-se dizer que foi um dia de dinheiro-fácil (...) Mais ou menos. A verdade é que esses plantões têm sempre um nível elevado de stress: chefia ligando toda hora, olho ligado em Brasília para saber se alguém fala por lá sobre o assunto em questão, boatos que vêm e vão sobre o que de fato a fonte está fazendo ou vai fazer. Nunca é um dia relax, mesmo que nada aconteça. É preciso estar mais atento a tudo, o tempo todo. Mas avancemos a meu drama pessoal... Chego em casa depois de um dia desses, obviamente cansado; nem tanto física, mas mentalmente, e encontro minha mãe dizendo que precisa ter "uma conversa séria" comigo. Ione e eu não nutrimos o hábito de discutir a relação. Nos damos ótimamente bem, e ela até respeita minha privacidade - tanto quanto é possível para uma mãe, o que às vezes é muito pouco. Mas vá lá, eu também não tenho porque criar tempestades. Mas o fato é que ela afirmou estar muito triste comigo, o que me preocupou. Cansado e agora apreensivo, indaguei o motivo: disse-me que tinha encontrado, pendurada para secar no meu box, uma cueca furada. E começou a falar seriamente sobre como eu - graças a Deus - não tinha motivo ou necessidade que justificasse uma tal peça em petição de miséria. Tentei explicar que, logicamente, a maioria das minhas cuecas está em ótimo estado de conservação, mas que de fato eu mantenho algumas furadas ou puídas porque são muitíssimo confortáveis em noites nas quais a roupa íntima certamente não virá à tona. Não se deu por satisfeira, e disse-me que compraria cuecas novas. Foi só neste momento que minha mãe de fato levou uma bronca. Um, porque fui educado por ela mesma a cuidar de minhas cuecas desde moleque, e não dou a ninguém o direito de se meter nisso. E dois porque, ao fim de um dia cansativo, o mínimo que ela poderia fazer era me apresentar um motivo realmente grave para armar tamanho circo. Então é isto. Está aí a grande revelação pessoal: Glauco Paiva, por vezes, usa cuecas furadas. Quem nunca pecou, que atire a primeira pedra.

16.11.04

Amor, só de mãe!

Dizem que por trás de todo grande homem está uma grande mulher. Eu, na verdade, ainda estou na dúvida. Tem dias em que me olho no espelho e vejo um grande homem. Em outros vejo apenas um homem grande; quando não um meninão, e olhe lá. Seja como for, sei quem é a grande mulher a quem devo tudo que consegui até aqui. A mama apaga velinhas hoje. Parabéns à D. Ione.

13.11.04

Feel the Force

Chegou aos cinemas do Rio e de São Paulo nesta sexta-feira o teaser do Episódio 3 de Guerra nas Estrelas. Com o título Revenge of the Sith, o filme vai mostrar a derrocada final de Anakin Skywalker e a queda para o Lado Negro da Força que vai transformá-lo no temível Darth Vader. Grande parte dos fãs de carteirinha se decepcionou com os roteiros dos dois últimos lançamentos de Star Wars. Eu inclusive. Mas achei graça em ouvir o futuro Vader dizendo que o grande problema da Galáxia Distante era a falta de altruísmo. E babei ao ver Mestre Yoda empunhando um sabre de luz. Pois bem... Acho que esse terceiro filme tem tudo para ser "O Império Contra Ataca" da nova trilogia. Pelo que vi no trailer, o tom me parece mais sombrio, e não poderia ser diferente - independentemente de como a trama será conduzida, o mau vai vencer: Skywaker vai cair, assim como a República. O Conselho Jedi será exterminado, e Palpatine deixará as maquinações de bastidores para assumir o lugar de Imperador. Em tempo: o teaser traz um corte rápido do Grão-mestre Sith brandindo uma lâmina luminosa - vermelha, como manda a etiqueta dos vilões da série. As batalhas espaciais estão realmente vibrantes, e as tropas clônicas em deslocamento ao som da marcha imperial me deram arrepios. Nunca George Lucas foi tão Leni Riefensthal. E, só a título de cerejinha, é possível ouvir um "Yes, master..." na voz de James Earl Jones. Para quem vai dizer que Star Wars é cinema pipoca, o meu protesto: a história é um épico mitológico, com o recheio de inúmeras referências religiosas. Um trabalho antropológico universal de primeira linha. Não fez tanto sucesso à toa. George sabia que estava tocando as cordas certas. Não foi sem motivo real que o sujeito revolucionou o conceito de marketing cinematográfico quando, em meados dos anos 70, trocou o fixo de direção por direitos em vendas nas cópias da trilha sonora e produtos associados, como brinquedinhos, camisas e afins (...) Deu para entender de onde veio o dinheiro que construiu a Lucas Arts, Lucas Films, Lucas Games, etc, etc, etc? E tem mais para quem gosta: lá nos anos 90, quando anunciou que filmaria a primeira trilogia, o velho Jorge disse que não produziria os três últimos filmes da série - sim! para quem não sabe, tem mais depois de "O Retorno de Jedi" - mas eu já ouvi alguns boatos sobre uma possível mudança de planos... Olha, não sei de que lado da Força você joga. Mas Star Wars, mesmo quando decepciona os puristas, tem que ser visto. The Saga continues on May 2005. Até lá, may the Force be with you. Always.

11.11.04

Woman in Red

Essa eu achei navegando por aí. A definição não está lá grande coisa, mas o conceito é sugestivo e - por que não dizer? - atraente; apesar do clichê em vermelho...

Saiu daqui

8.11.04

Peixe cru com estilo

O pessoal do Rio de Janeiro deve, quando tiver a chance, experimentar o Tanaka da Lagoa. Eu sou daqueles que gosta de comer com vista, e adorei. Mesmo com a chuva, o espaço é muito bom: clean, sofisticado, e o sushiman não faz feio. E comer com hashi é sempre uma curtição. A conta não é barata, mas o jantar também não custou os olhos da cara. E em tempos de emancipação feminina, o progarama é perfeitamente viável financeiramente. Try the raw fish in a room with a view. A view to a kill.

4.11.04

Sobre ontem à noite.

Estava lá. Incontestável. Me olhando como a desafiar-me. Jogando-me na cara o passar das décadas; negando-me os feitos da juventude, afirmando vãos todos os meus esforços por uma vida saudável - quase atlética, muitos diriam. Atestava, desdenhoso: "Nunca mais as enterradas nas quadras de basquete! Nunca mais os maiores pesos da academia quando chegar o verão! Nunca mais os esportes radicais nas férias!" Parecia dizer-me que eu deveria desistir logo dessa mania de mente sã em corpo são, pois minha anatomia iniciara a viagem de ida em direção à maturidade, enquanto eu insistia, inutilmente, em refutar o já tão óbvio conceito de que havia - vejam só! - me tornado um adulto. Estava lá. A semente do pânico estético. A maldita pétala alva da idade, da flor inevitável que chega sem aviso na melhor das nossas Estações, com o peso dos anos. Peso sob o qual se curvam os mais indômitos mortais. Encarava-me. Provocava-me. Assaltava-me a fronte negra em vilipêndio. O primeiro fio de cabelo grisalho.

Passei-lhe a tesoura.

2.11.04

A milhas e milhas distante

Ah... o impagável prazer de se trabalhar num feriado, e ter a consciência cívica de que, enquanto todos se divertem, você está fazendo a sua parte para que a empresa e o país progridam economicamente. Ah! Esta sensação única de liberdade que vem da solidão. Você num estúdio, falando para audiência residual; você ao computador, teclando para ninguém ler, porque seus amigos estão todos viajando ou curtindo uma praia.
Alô! Alô! ALÔÔÔÔÔÔÔ!!!
Tem alguém aí?!
Socorro! - Me salvem de mim mesmo!!!
Sem resposta.
Que felicidade...

A Ópera dos Três Vinténs

Bem... A peça foi montada em outubro na Casa das Artes de Laranjeiras. Um processo que começou com muito tesão, mas que por motivos alheios e absolutamente impessoais acabou perdendo um pouco de peso na minha avaliação. O espaço era pequeno e o horário incompatível. Como eu já não estava tecnicamente muito saftisfeito, acabei não chamando ninguém para assistir. A minha mãe foi porque se lembrou de me perguntar quando diabos eram as apresentações. A falta de publicidade me rendeu belas broncas dos amigos mais próximos, mas eu já pedi desculpas. Estou ensaiando outra. Se ficar apresentável eu juro que divulgo, tudo bem? De qualquer forma, esse aí sou eu, ou Mackie Navalha, como preferirem...Bandido, mas gente boa.

Balada do Cafetão - Música de Kurt Weill

Mackie: Bons tempos são aqueles que não voltam.
Como um casal vivíamos em harmonia,
Nos esforçando juntos de lua a lua:
Eu era o chefe e ela era a vadia.

Pode ser diferente, pode ser igual.

Quando chegava outro freguês eu lhe cedia
A cama e muito cortês eu lhe dizia:
"Meu senhor, a casa é sempre sua, por favor!"
E vendo a grana eu ria...

Foi num bordel de fina freguesia
Onde fizemos nossa moradia!

Jenny: Bons tempos são aqueles que não voltam.
Trepávamos sem conta e sem perdão.
E ele foi gastando o nosso capital,
Botando as minhas roupas todas no leilão.

Pode ser diferente, pode ser igual também.

Fiquei tão brava, não queria ficar nua.
Perguntei: "rapaz, me diz qual é a tua?"
A resposta foi uma porrada
Que me deixou por dias derrubada...

Foi num bordel de fina freguesia
Onde fizemos nossa moradia!


Então tá. Eu tenho que admitir - teatro é mais ou menos como sexo:
É bom... até quando é ruim.