29.12.04

Um próspero...

Uma antiga e querida professora postou essas estrofes como mensagem de fim de ano. Achei ótimo. E muito embora eu seja, intimamente, também afeito a escrever em versos, há sempre um poeta maior...

Esperança, por Mário Quintana

Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano
Vive uma louca chamada Esperança
E ela pensa que quando todas as sirenas
Todas as buzinas
Todos os reco-recos tocarem
Atira-se e — ó delicioso vôo!
Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,
Outra vez criança...
E em torno dela indagará o povo:
Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?
E ela lhes dirá (É preciso dizer-lhes tudo de novo!)
Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam:
— O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA...

Estou de folga no Réveillon. Me liguem para: ir à praia, patinar, ir ao cinema, teatro, combinar um after hour depois da festa no dia primeiro. Não me liguem para: comentar sobre os milhares de mortos na Ásia, perguntar se eu vi o que saiu no jornal - porque eu não vou ver, sugerir que eu me torne uma pessoa melhor ou diferente em 2005, porque eu felizmente ando muito satisfeito com o que sou. Curtam a Passagem, nos vemos no ano que vem.

27.12.04

O ataque do presente curinga

Sinceramente não sei porque insisto em participar de amigos ocultos. Desde pequeno, foram poucas as atividades afins nas quais tomei parte sem ficar no prejuízo. Na escola primária, a brincadeira era obrigatória, acho que para despertar o espírito de solidariedade e integração. Eu, o único pretinho da sala, filho da classe média esforçada, dava sempre um presente bacana e recebia um carrinho de quinta oferecido com desdém por algum fidalgo da alta sociedade. É realmente curioso que, já não sendo obrigado a fazer nada que não queira na vida, eu ainda persista. Acho que fico sem graça de dizer para os amigos que a idéia toda não me agrada... E é verdade, não me agrada mesmo. Nunca agradou. Não consigo me lembrar de uma vez sequer em que tenha saído realmente satisfeito. Bem, teve uma menina que me deu um livro de estereogramas do Kama-sutra. Foi sugestivo, original, mas eu não usei com ela. Aliás, acabei não usando com ninguém e, depois de tantos anos e já tendo perdido o contato com a referida, posso confessar que nunca na minha vida conseguir ver um maldito estereograma (...) Por que fazem listas de sugestões, se as pessoas acabam comprando presentes a Bangu?! Para não falar no absoluto terror dos chamados presentes curingas. Há alguns anos, na faculdade, um amigo ganhou um peso de papel, desses em forma de cubo plástico que você encontra em qualquer papelaria de esquina. Era o presente curinga do agregado de uma menina da turma. O engraçado não conhecia ninguém, comprou qualquer coisa e pronto. Eu, esse ano, queria ganhar um livro. Coloquei também alguns CDs na lista de sugestões só pra não correr o risco. Mas a tal inovação tecnológica do sorteio eletrônico - coisa muito chique - caiu vítima de um arranjo astral controverso e, em meio à fragmentação de dados num lapso crítico de armazenamento e fluxo de informações, esqueceu de avisar sobre minha existência a quem deveria me regalar no toma lá dá cá. Resultado: presente curinga. Voltei para casa com um mini-castiçal em que poderei queimar as velas que não acendo, e um lindo porta-fotos para substituir o feio mural que não tenho na parede do meu quarto. O pior é que o sujeito-meu-amigo-oculto nem se dignou a enfrentar o constrangimento pessoalmente: estava de plantão. Mandou o presente pela esposa, que passou o resto da noite me abordando com aquele sorriso quase amarelo, perguntando se eu tinha mesmo gostado, e dizendo que eu poderia trocar tudo se quisesse. Mas acho que no final ela se convenceu de que eu estava satisfeito. As aulas de teatro devem estar mesmo funcionando.

23.12.04

Just a girl

Ela apareceu de manso. Chegou sem pedir contrapartidas românticas ou sentimentais. Não fez cobranças, não quis discutir a relação. Aliás, não fez sequer questão de ter uma relação. E ainda assim, no lugar do falso-conformismo, parecia à vontade; como se, tanto quanto eu, não tivesse pressa, não tivesse ânsias. Mima-me. Na verdade, estragama-me, sempre com um sorriso no rosto. Há meses vem destilando carinho em gestos e conversas fáceis. Parece muito segura de si - Nossa! Que novidade! - e não exerce ciúmes. Dadas as circunstâncias que ela mesma nunca fez questão de mudar, nem teria porquê. Mas aproximou-se. Aos poucos, sem fazer alarde... soube cativar-me nos pequenos detalhes. Se o fez de forma genuína, é uma menina rara. Se o fez de maneira calculada, é mulher como poucas. Geminiano que sou, deixa-me livre. Parece estar tranqüilamente ciente de que essa é a única maneira real e verdadeira de ter-me. Com todo esse clima de aproveite-o-fim-de-ano-e-tome-rumo-você-também no ar, pode ser que eu resolva oficializar as coisas. Ou não... afinal - que alegria! - nenhum de nós está correndo contra o tempo. E por falar em tempo: chove lá fora.
Mas em mim é verão.

21.12.04

Ora pro nobis

Notem pelo horário deste post que estou acordado e ao computador já pela manhã. Aliás, para ser exato e preciso, estou acordado desde cinco da madrugada, e ao computador desde seis da matina. Foi dada a largada para o famigerado plantão de fim de ano...
Deus tenha piedade de nós.

16.12.04

Os Incríveis

Homem-Aranha e Wolverine sempre foram meus super-heróis prediletos. Definitivamente, Stan Lee é um sujeito que sabia o que estava fazendo. E sendo assim, vocês podem imaginar o quanto eu fui uma criança feliz indo ao cinema nesses últimos anos de lançamentos da Marvel. Mas eu encontrei um um novo super-herói... Vejam: o Gelado é negro, careca, bonitão, divertido, se veste com estilo, varia entre a barba e o cavanhaque, gosta de patinar, fala rápido - com aqueles trejeitos de rapper, e ainda por cima é dublado pelo Samuel L. Jackson, um de meus atores prediletos. O Gelado é o cara, e se vocês ainda não foram ao cinema para ver Os Incríveis... o que diabos estão esperando?!?! A Pixar, mais uma vez, acertou em cheio. Vão logo conferir!

"Anda, mulher, cadê meu uniforme?! É por um bem maior!!!" - Gelado, em Os Incríveis

13.12.04

Cheque pré-datado

E a gente ainda reclama que a vida está dura...

11.12.04

Pendências e planos

É isto mesmo: um sábado chuvoso perdido na redação é uma oportunidade tão boa quanto qualquer outra para fazer resoluções. Por que esperar o Reveillón? Eu, por exemplo, posso aproveitar o fato de estar de férias no curso de teatro para traçar metas e planos que devem preencher as minhas manhãs nos próximos meses. E alguns projetos precisam mesmo sair da gaveta: quero retomar minhas atividades subaquáticas. Estou sem mergulhar desde 1996. É muito tempo para um sujeito que aprecia vento no rosto e mar aberto, e que ainda por cima é filho de Iemanjá. Vou aproveitar alguns fins de semana em janeiro para fazer o curso avançado de mergulho autônomo. Parte do décimo terceiro e da participação nos lucros deve ser investida na compra de equipamentos, e em 2005 voltarei a ser um feliz mergulhador, podem aguardar. Tudo dando certo, a idéia de visitar as águas de Cuba ou Noronha me é cara para o ano novo... Preciso ainda tirar o meu registro profissional de ator. O temporário, que seja. Até agora, faltou tempo para cuidar da burocracia. Mas isso deixou de ser justificativa viável. Afinal, estou de férias. A Operação Verão está pendente. Aliás, há semanas não malho direito. A reta final de ensaios virou minha vida de cabeça pra baixo, e a rádio atravessa uma fase especialmente atribulada, com algumas (várias) coberturas que me fazem trabalhar até mais tarde - o que, no meu caso, geralmente significa chegar em casa depois da meia-noite, para começar tudo de novo no dia seguinte(...) Mas eu não tenho do que reclamar. Não me canso de dizer que gosto do que faço, por mais que às vezes fique um pouco esgotado. Pior seria o ócio. Patinar! Patinar! Patinar é preciso! Quero ainda, é claro, jogar muito video-game. Vários novos títulos para Playstation 2 estão despertando minha atenção. Estou em falta também com a prática do Role Playing Game. É preciso satisfazer meu lado nerd, sem dúvida. Tudo isso demanda horas perdidas de sono. Mas é como dizem os anglo-americanos: "Plenty of time to sleep when you're dead". Eu continuo preferindo a vida no melhor estilo dez anos a mil. É muito, muito melhor do que mil anos a dez. A única coisa que não entra na minha lista de resoluções é o casamento. E nem poderia: o Mosteiro de São Bento vai entrar em reformas. A conjunção astral, definitivamente, é pouco propícia.

Mas até chegar a hora, o que eu mais quero mesmo é muita saúde para agüentar todo esse tranco e ainda gozar no final...

7.12.04

Uma amiga

Vocês podem dizer e pensar o que quiserem, mas o Orkut é uma ferramenta social incrível, se bem utilizado. Por causa dele, eu já acabei indo parar na festa de aniversário de uma amiga que não via há dez anos, e hoje tive uma dessas surpresas que, de tão agradáveis, nos deixam entre o adulto boquiaberto e a criança feliz que extiste em todos nós. Quando essa moça apareceu para a estréia de Seis Personagens..., eu quase não entro em cena de tanta alegria. Não via a Keka há mais ou menos oito anos, e de repente ela estava ali, na platéia. E ainda levou a irmã, que de menina virou mulher, e dadas as circunstâncias foi também um grande reforço de público. Depois da peça saímos todos para almoçar, e minha amiga me apresentou aos mistérios de um elixir divino a que somente os iniciados da gastronomia alternativa têm acesso: a tal limonada com mascavo. Só quem já teve a chance de experimentar pode saber... Alegria, alegria! - Todo o resto é desimportante. No mais, a encenação até que superou minhas expectativas, considerando o pouco tempo de ensaio. O que não quer dizer que seja um trabalho de valor dramático inestimável; mas o palco, ao menos, está confortável - o que já é um grande começo. E um processo. E um fim em si mesmo. É engraçado como uma turma cheia de problemas com a identidade de grupo acaba por fazer acontecer, mesmo que na última hora, os trabalhos a que se propõe. Mas isso é uma outra história...

E hoje, então, finalmente choveu. Até que foi positivo. Mas para o fim de semana eu gostaria de ter o sol de volta.

6.12.04

Duas notas em protesto

Querido Papai do Céu,
Nesta cidade faz muito Sol!!!
...Tenha !

3.12.04

Zzzzzzzzzzzz.....

Cara, eu preciso dormir.
Preciso muito.

1.12.04

Em cartaz!

O que acontece quando seis personagens, ávidos por contar sua história, invadem o ensaio de uma Companhia de Teatro? - Seis Personagens à Procura de um Autor, de Luigi Pirandello. O jovem filósofo contemporâneo estará demonstrando sua inacabada e troncha, mas ansiosa verve dramática na semana que vem. Como dessa vez conseguimos um espaço grande, todos são mais do que bem vindos, se perdoarem o amadorismo estudantil - afinal, somos exatamente isso: estudantes. As apresentações serão realizadas no Teatro Hebraica - Rua das Laranjeiras, 346/ 7o. andar, sempre pela manhã. E não reclamem do horário... Um, porque foi o que deu para arrumar. Dois, porque é de graça. Então é assim:

07/ 12 (ter) - 11hs
08/ 12 (qua) - 9hs
09/ 12 (qui) - 9hs
10/ 12 (sex) - 11hs


"...dificilmente poderá ser uma representação de mim, da maneira como eu sou na verdade. Será antes, além da aparência, como ele irá interpretar quem sou, como ele me sentirá - se é que ele me sentirá - e não como eu, dentro de mim, me sinto. E me parece que isso deveria ser levado em conta por quem for chamado a nos julgar." - Seis Personagens..., Luigi Pirandello

Me desejem "Merda!"