25.2.05

Patrícios

Esta me foi encaminhada pelo chefe e amigo Luciano Garrido. É de português, é preconceituosa, mas é engraçada pacas... Bom fim de semana a todos!

Depois dos problemas acontecidos na Ásia, o governo de Portugal resolveu criar um órgão de pesquisa em prevenção e avaliação de tremores e abalos, cobrindo todo o território. O Centro Sísmico Nacional enviou, dias depois, um telegrama ao Quartel-General de Polícia da cidade de Vilamoura, no norte de país. A missiva dizia:

Possível movimento sísmico na zona. Ponto. Muito perigoso, superior Richter 7. Ponto. Epicentro a 3 km do povoado. Ponto. Tomem medidas. Ponto. Informem resultados com urgência. Ponto.

Os dias se passaram, e só depois de mais de uma semana é que foi recebido no Centro Sísmico Nacional um outro telegrama, que informava:

Aqui é do Quartel da Polícia de Vilamoura. Ponto. Movimento sísmico totalmente desarticulado. Ponto. O tal Ritchter tentou fugir, mas foi abatido a tiros. Ponto. Desativamos as zonas. Ponto. As putas estão todas presas a trabalhar na lavanderia dos presídios femininos. Ponto. Epicentro, Epifânio e três cupinchas detidos. Ponto. Não respondemos antes porque aqui houve um terremoto do caralho. Ponto.

23.2.05

Papo de cinema

O filme teve o nome toscamente traduzido, e acho que pouca gente deu bola, mas quem tiver a chance não deve perder Jogos Mortais. Ainda está em cartaz, ao menos no Rio. A premissa de dois homens que acordam em um banheiro imundo e são forçados por um assassino misterioso a se engajarem num jogo de gato-e-rato em que um deve matar o outro pode parecer um convite à filmografia B, ou mesmo um enredo mal-ajambrado para um video-game de suvival horror, mas acreditem, está tudo lá: suspense policial honesto e de boa qualidade, sem sustos óbvios ou ofensas à inteligência do espectador em finais absurdos. Aliás, eu me corrijo: o roteiro poderia ser perfeitamente aplicado a um game. Palavra de aficcionado. E o final é sim sacado da manga, mas o truque é tão bem feito que parece mesmo mágica. A coisa toda foi rodada em 18 dias. Mais um exemplo de como é possível apresentar excelentes resultados com tempo e orçamento limitados. Basta ter uma ótima idéia e um roteiro bem amarrado. Na mesma linha é possível citar Bruxa de Blair e Por um Fio. Jogos Mortais - ou Saw, como preferirem, é desse quilate. E olho vivo no novato Leigh Whannell (Adam). Interpretação primorosa. Bem acima dos veteranos Danny Glover e Cary Elwes.

Em tempo: tive uma grata surpresa com a sala Um do Estação Botafogo. Nada da assepsia claustrofóbica de um multiplex - estamos falando de um salão enorme, com poltronas vermelhas de couro, e aquele leve toque de cheiro de mofo por causa do carpete nas paredes. A telona é digital, mas o som não é THS. Engasga para entrar, fazendo aquele ruído branco de caixa ligando. Nada de love-seats. Os casais têm direito à privacidade porque há espaço de sobra, e eles podem simplesmente procurar um cantinho desabitado. Nostalgia pura. Vamos combinar: cinema confortável é aquele em que você não corre o risco de roçar coxa com um estranho, e não precisa disputar o porta-copo. Já não fazem mais desses hoje em dia...

21.2.05

Hermanos

Dois agricultores, um Argentino e um Brasileiro, conversam.
- Qual é o tamanho da sua fazenda? - pergunta o argentino.
Responde o brasileiro:
- Para os padrões brasileiros, a minha fazenda tem um tamanho razoável: trezentos alqueires. E a sua?
Retruca o argentino:
- Olha, eu saio de casa pela manhã, ligo o meu jipe e ao meio-dia ainda não percorri nem a metade da minha propriedade.
- Pois é - rebate o brasileiro - eu já tive um carro argentino desses. É uma merda...

18.2.05

WC Cavalheiros

Este texto se presta à discussão de normas éticas de conduta em banheiros masculinos, e portanto pode se mostrar vulgar e preconceituoso em certos momentos. Meninas, estejam avisadas.

Estive nesta sexta-feira fazendo a cobertura jornalística de um ato político realizado na Associação Comercial do Rio de Janeiro. O evento reuniu diversas autoridades, entre deputados, dirigentes de entidades de classe, organismos sindicais e afins. Em dado momento, pouco antes do início da cerimônia, a ânsia urinária tomou conta de meu ser. Ao entrar, notei que havia um engravatado se ajeitando ao espelho. Nada demais. O espaço contava com três mictórios, todos desocupados. Posicionei-me no da extremidade mais distante à porta, evitando possível exposição imedianta ao trânsito de entrada e saída do referido sanitário, e abrindo espaço para que a distância cívica de um urinol vazio (o do meio) fosse observado por qualquer outro ser mijante que chegasse. Mas eis que, ao dar início ao processo mictante, noto que o tal almofadinha resolveu estacionar justamente ao lado, e mais: dada a falta das sempre necessárias "barreirinhas de mármore", direciona olhares a meu instrumento de trabalho afro-brasileiro. Pausa para que se compreenda o quão desconfortável foi a situação para minha pessoa: fui educado em um colégio exclusivamente masculino. No São Bento, se você flagrasse alguém em espionagem peniana, podia simplesmente gritar "manja-rôla!", e provocar uma hecatombe. Todos que estivessem no banheiro cairiam em insultos raivosos e impudicos sobre a masculinidade do curioso. Ele seria chamado de viadinho para baixo, e provavelmente seria empurrado em direção ao mictório, com grandes chances de sair com as calças vexatoriamente ensopadas pela própria urina. Em alguns casos - mais raros, porém possíveis - a balbúrdia poderia chegar aos corredores. A coisa se tornava então um verdadeiro episódio de retribuição divina: o pobre diabo sentiria todo o peso da execração pública discente. O colégio, muito católico, tinha um décimo-primeiro mandamento tácito: Não violarieis a privacidade da jeripoca alheia. Daonde eu venho, a manjada é intolerável, e a pena era sempre capital. Mas ali, na Associação Comercial do Rio de Janeiro, o grito de denúncia e alerta ficou preso. Eu quase agi por ato-reflexo, mas percebi a tempo que a punição exemplar, tão merecida, poderia conflitar com a minha presença profissional naquele lugar. Imaginem a reação dos políticos e empresários a um jornalista que sai do banheiro gritando "Manja-rôla! Manja-rôla!" (...) Não seria legal. Tive que aturar o constrangimento. Mas me permiti um audível "Tsc, tsc, tsc!", com meneios negativos de cabeça, em desaprovação simbólica ao viadinho - com preconceito, por favor. O sujeito gay, ao perceber que eu havia percebido, abaixou a cabeça, possivelmente em vergonha e auto-penitência. Onde já se viu?! Depois do movimento pela Encoxada em nossas respectivas e venerávis fêmeas, venho a firmar posição contrária aos manjadores de plantão. Que sejam todos enviados, com passagem só de ida, para... bem, vocês sabem para onde. A discussão já está abaixo da linha da cintura, não precisa descer mais do que isso.

17.2.05

Cansei

Sério mesmo. Coisa de geminiano, sabe como é. De repente você se olha no espelho e vê que as coisas simplesmente não estão no lugar. Não se reconhece. A moldura não se adequa ao quadro, e a estética está completamente off. Daí é preciso uma solução radical, porque situações extremas exigem medidas extremas... Meu cabelo saiu para almoçar. Estou de volta ao bom e velho estilo basquete/ hip-hop/ no-hair. O design, inegavelmente, ficou mais arrojado e aerodinâmico. De bônus, combina perfeitamente com meus óculos escuros Matrix. Um luxo.

15.2.05

País de Oz (Dorothy não está no Kansas)

Mataram uma missionária no Pará. Algo a ver com conflitos por pedaços de chão que possivelmente servirão apenas para exploração de madeira ou lavouras inférteis. Aliás, mataram não é o termo mais adequado: executaram. Chocante. Ou, talvez, nem tanto. No Rio (ou em qualquer metrópole) os óbitos são diários, às dezenas, na guerra do tráfico. Mas o nosso cotidiano urbano de violência nutre a ilusão de um ruralismo de paz bucólica. Mentira. A morte de Dorothy Stang é emblemática: o retrato ampliado do que ainda é a base do extrativismo e do chamado agrobusiness no nosso país: ocupações, militância armada e por vezes inconseqüente, denúnicias de trabalho escravo em fazendas de ilustres deputados. E o campo é ainda responsável pela maioria esmagadora das exportações brasileiras... deu para entender? - Nós ainda somos um país movido a sangue de pretos e pobres. Os números importam pouco: a maioria desses ninguéns não tem nome, não vira sequer estatística. Nascem incógnitos, morrem calados. E é preciso que alguém atire na cabeça de uma freirinha simpática (estrangeira!) para que o governo resolva montar uma força tarefa federal - não para investigar os coronéis por trás das armas, mas para prender os culpados rasos dessa única morte: sempre os mandados, quase nunca os mandantes. Mas Dorothy, pelo menos, tinha um nome ao morrer. Bom (?!) para ela. Agora é torcer para que o Bush não resolva usá-la como um símbolo do dever americano de intervir na região amazônica pelo bem maior do planeta. - Não. pensando bem, eles não vão fazer isso (...) Quem já teve a chance de conversar sobre política comigo sabe que, na minha opinão, falta no currículo histórico da nação um episódio autêntico de guerra civil. Aberta e declarada, dessas com o potencial de fragmentar a nossa geografia continental. Assim, talvez, aprendêssemos a dar valor ao chão que temos. E a nós mesmos. E talvez o sangue se tornasse uma moeda de troca mais cara. Ou, quem sabe, num cenário ideal, deixasse de ser uma moeda em absoluto. Mas do jeito que estão as coisas, os homens de fuzil jogam no lixo a ordem urbana, e os pistoleiros de tocaia oprimem os desdentados do campo. Covardia de todos. A culpa não é "da sociedade". A culpa é cada um e de todos, que fechamos os olhos diante da ilusão de um Estado Democrático de Direito. Democrático?! Onde está o poder do povo? Piada. Enquanto isso, os senhores parlamentares cantam o Hino Nacional para saudar o novo presidente da Câmara. Desta vez o rolo compressor do PT deu defeito. É a elevação do baixo clero. Todo o poder a Severino! Tem nome de pobre, discurso de pobre, e bate no peito para dizer que não tem diploma universitário... virou moda fazer isso em Brasília. Mas atenção!! - Há várias eleições disputa o cargo tendo como principal promessa de campanha aumentar os salários de seus pares. E o que resta para nós? A fácil previsão de um ano eleitoral desgovernado, com Executivo e Legislativo em conflito. Nada vai andar no Planalto sem conversas privadas não oficiais e malas pretas apócrifas chegando aos gabinetes. Mas a imagem de um plenário cheio de deputados - aqueles mesmos que têm fazendas movidas a trabalho escravo - cantando Ouviram do Ipiranga sempre fica bonita na TV. Quase gera a ilusão de freios e pêndulos bem ajustados. Quase. Há momentos em que é fácil olhar para o Brasil e perder a esperança. E por mais que eu procure, não consigo encontrar a maldita estrada de tijolos amarelos.

11.2.05

...Eu quero uma casa no campo

Depois de dezenove dias trabalhando sem parar, incluindo a loucura da cobertura momesca, estou parando hoje. Os amigos que me perdoem a ausência - eu sei que estou em falta com muitos - mas estou pegando e estrada. Minha morena e eu vamos curtir um hotel fazenda com direito a arvorismo, parede de escalada e pescaria. Afinal, também nós somos filhos de Deus. Ou Deusa, ou Grande Arquiteto, como queiram. Volto no domingo à noite, apto a sentar num barzinho qualquer para jogar conversa fora ao fim do dia.

Alguns recados importantes:
Lol - Boa Viagem, meusamô!!! Tenho certeza que você e Gables vão se divertir horrores! Curta muito! - E atualize!
- Morro de saudades. Vamos nos ver no domingo à noite? Ligo assim que chegar ao Rio!
Bulka - Véio, espero que esteja aproveitando bem as férias. Muitas saudades de você também, mano!
Peyró - Boa viagem, sogrão!

Acho que é isso... muita gente com o pé na estrada... Hasta!

10.2.05

Só tinha de ser com você

É bom que se lembre que a autoria não é da Fernanda Porto, mas do Tom Jobim em parceria com Aloysio de Oliveira. Eu, particularmente, não gosto muito da idéia de ficar postando letras de música sobre letras de música, mas a verdade é que, previsivelmente, ainda estou desocupando minha cabeça dessa overdose de carnaval. Então, lá vai um sambinha despretensioso e, quiçá por isso, de valor:

É, só eu sei
Quanto amor eu guardei
Sem saber que era só pra você
É, só tinha de ser com você
Havia de ser pra você
Senão era mais uma dor
Senão não seria o amor
Aquele que a gente não vê
O amor que chegou para dar
O que ninguém deu pra você

É, você que é feita de azul
Me deixa morar nesse azul
Me deixa encontrar minha paz
Você que é bonita demais
Se ao menos pudesse saber
Que eu sempre fui só de você
Você sempre foi só de mim
Que eu sempre fui só de você
Você sempre foi só de mim

4.2.05

Eu ODEIO carnaval!!!!!!!!!!!!!!!!!!

É sério. Letras Mortas tem postura editorial contrária à euforia coletiva gratuita. Aliás, o editor acredita que o conceito de circo para o povo conduz à debilidade mental. Esta frente de resistência à ignonímia e indignidade do ser humano fecha os tipos durante esta porra de carnaval. Ando sem paciência, e certamente não vou ter assunto. Volto na quinta-feira, se não estiver por demais ocupado em limpar a mente das impurezas desta verdadeira celebração ao nada. Fico na torcida por um atentado no Sambódromo - pelo menos para justificar todo o trabalho.