25.8.05

Genial

Recebi por e-mail de uma amiga. O crédito, supostamente, é de uma aluna de Letras da Federal de Pernambuco. De qualquer forma, é um daqueles textos a cujo final se chega com uma ponta de saudável inveja: "cara, eu queria ter escrito isso!"
Era a terceira vez que aquele substantivo e aquele artigo se encontravam no elevador. Um substantivo masculino, com um aspecto plural, com alguns anos bem vividos pelas preposições da vida. E o artigo era bem definido, feminino singular. Era ainda novinha, mas com um maravilhoso predicado nominal. Era ingênua, silábica, um pouco átona, até ao contrário dele: um sujeito oculto, com todos os vícios de linguagem, fanático por leituras e filmes ortográficos. O substantivo gostou dessa situação: os dois sozinhos, num lugar em que ninguém mais pudesse ver e ouvir.
Sem perder a oportunidade, começou a se insinuar, a perguntar, a conversar. O artigo feminino deixou as reticências de lado, e permitiu esse pequeno índice. De repente, o elevador pára, só com os dois lá dentro: ótimo, pensou o substantivo, mais um bom motivo para provocar alguns sinônimos. Pouco tempo depois, já estavam bem entre parênteses, quando o elevador recomeçou a se movimentar: só que em vez de descer, subiu e parou justamente no andar do substantivo. Ele usou de toda a sua flexão verbal, e entrou com ela em seu aposto. Ligou o fonema, e ficaram alguns instantes em silêncio, ouvindo uma fonética clássica, bem suave e gostosa. Prepararam uma sintaxe dupla para ele e um hiato com gelo para ela.
Estavam conversando, sentados num vocativo, quando ele começou outra vez a se insinuar. Ela foi deixando, ele foi usando seu forte adjunto adverbial, e rapidamente chegaram a um imperativo - todos os vocábulos diziam que iriam terminar num transitivo direto. Começaram a se aproximar, ela tremendo de vocabulário, e ele sentindo seu ditongo crescente: se abraçaram numa pontuação tão minúscula que nem um período simples passaria entre os dois. Estavam nessa ênclise quando ela confessou que ainda era vírgula... Ele não perdeu o ritmo e sugeriu uma ou outra soletrada em seu apóstrofo. É claro que ela se deixou levar por essas palavras: estava totalmente oxítona às vontades dele, e foram para o comum de dois gêneros. Ela totalmente voz passiva, ele voz ativa. Entre beijos, carícias, parônimos e substantivos, ele foi avançando cada vez mais (...) ficaram uns minutos nessa próclise, e ele, com todo o seu predicativo do objeto, ia tomando conta.
Estavam na posição de primeira e segunda pessoas do singular, ela era um perfeito agente da passiva, ele todo paroxítono, sentindo o pronome do seu grande travessão forçando aquele hífen ainda singular. Nisso a porta foi aberta repentinamente. Era o verbo auxiliar do edifício. Ele tinha percebido tudo, e entrou dando conjunções e adjetivos aos dois, que se encolheram gramaticalmente, cheios de preposições, locuções e exclamativas. Mas ao ver aquele corpo jovem, numa acentuação tônica, ou melhor, subtônica, o verbo auxiliar diminuiu seus advérbios e demandou seu particípio na história. Os dois se olharam, e viram que isso era melhor do que deixar que uma metáfora corresse por todo o edifício.
O verbo auxiliar se entusiasmou, e mostrou o seu adjunto adnominal... Que loucura, minha gente!! Aquilo não era nem comparativo: eraum superlativo absoluto. Foi se aproximando dos dois, com aquela coisa maiúscula, com aquele predicativo do sujeito apontado para seus objetos. Foi chegando cada vez mais perto, comparando o ditongo do substantivo ao seu tritongo, propondo claramente uma mesóclise-a-trois. Só que as condições eram estas: enquanto abusava de um ditongo oral, penetraria ao gerúndio do substantivo, e culminaria com um complemento verbal no artigo feminino. O substantivo, vendo que poderia se transformar num artigo indefinido depois dessa, e pensando em seu incólume infinitivo, resolveu colocar um ponto final na história: agarrou o verbo auxiliar pelo conectivo, jogou-o pela janela e voltou ao seu trema, cada vez mais fiel à língua portuguesa, com o artigo feminino colocado em conjunção coordenativa conclusiva.

23.8.05

De volta à República dos Nerds

Para quem é do Playstation 2 ou do PC: depois de tempos resistindo à idéia de embarcar em um game que certamente iria (vai) me consumir meses, caí na tentação de alugar Grand Theft Auto - San Andreas. Recomendo muitíssimo. Todo o prazer mórbido de se fazer um strike de pedestres à beira da praia e fugir em alta velocidade da polícia ao alcance das mãos. Para não mencionar a delícia de incendiar a casa de um gangsta rival com vários molotovs, só para salvar a namorada dele no meio da confusão e roubar a garota. E imaginem só as risadas quando, ao ser deixada em casa, a personagem se apresenta como... Denise!
Tá, tá, eu sei que é geek. Mas eu nunca neguei que sou um nerd de coração.

16.8.05

Mais do mesmo

Tá, tá... Eu sei que há séculos o assunto predominante por aqui é a crise política. Acho até que devo ter perdido uns três leitores, o correspondente a quase 99,78% dos passantes, segundo dados da mais recente pesquisa Vox populli de inclusão e aprovação digital de conteúdo. Perdoem se me tornei um mala da CPI - sem trocadilho, por favor!!
É que as últimas semanas andam tão morninhas...

12.8.05

...

Semaninha mais sem graça, hein?! ...Ê, gastura!

8.8.05

Tudo de novo

Terminaram as... férias?! Pois é. Mais uma peça, a última da escola. Persiste a dúvida sobre fazer ou não fazer. Não gostei do texto. Adiar por uns seis meses pode ser uma idéia. Ando tão cansado...

4.8.05

Sobre o Piauí

Eu amo o Rio de Janeiro.

2.8.05

Próxima Parada

Lá vou eu de novo. Desta vez para Teresina, no Piauí. É isso mesmo que você entendeu: Teresina, no Piauí. Longe pra cacete - com o perdão do francês mal empregado. É que o Lula resolveu passear, sabe como é. Deixar um pouco de lado o ar pesado de Brasília, porque lá só fala no Marcão, na Comissão, na Corrupção, no Mensalão, e em um monte de outras coisas assustadoras com letras maiúsculas. Com a crise no aumentativo, acho que o presidente achou por bem respirar um pouco do oxigênio nordestino para recuperar as energias. Vai fazer discurso para os pobres de Floriano. Cara, você já ouviu falar em Floriano?! Pois é para lá que eu vou. Tenho quase certeza de que vou meter o pé no barro. Mas tudo bem: o lado bom disso tudo é que estou até me sentindo um jornalista importante. Afinal, nas últimas semanas, São Paulo e Distrito Federal entraram no meu logbook - que chique! E, desta vez, resolvi fazer um cartão Smiles. Convenhamos: ganhar algumas milhas às custas da empresa não vai me fazer mal algum...