30.3.05

Direto da sarjeta

Somente a ébria sabedoria popular brasileira é capaz de produzir pérolas como esta. Meninas, fechem os olhos, e não leiam. Amigos do sexo masculino-macho, refestelem-se com a frase do dia:

Eu tinha uma plantação de bocetas, mas veio uma chuva do caralho, e fodeu tudo...

29.3.05

Gangsta's Paradise

They say I've got to learn but nobody's here to teach me
If they can't understand it, how can they reach me?
I guess they can't, I guess they won't,
I guess they're fucked.
That's how I know my life is outta love, fool.

Been spending most our lives

living in the Gangsta's Paradise

Tell me why are we so blind to see
That the ones we hurt are you and me?

- by Coolio

25.3.05

Este estranho animal

Quem inventou a bincadeira foi a Eleonora. Mas eu achei legal e estou copiando na cara-dura.

Nasci de cesariana. Minha mãe tinha 34 anos.
Gosto de andar a cavalo, mas sou urbano.
Faço teatro. As vezes gosto, às vezes desgosto, mas é difícil largar.
Adoro estudar.
Quero fazer direito.
Quero fazer mestrado sobre o papel da mídia em conflitos armados.
Tenho boa visão, mas me preocupo com o uso constante de computadores.
Já fui à Disney e a Bariloche. Pretendo voltar aos dois lugares.
Video-game e parque de diversão. Sempre.
Gosto muito de cinema, mas saia pra lá com seus filmes de arte.
Me deixe ver as besteiras de Hollywood.
Eu tenho no Episódio 3.
Basquete, patinação e musculação, com muita vontade de voltar ao mergulho submarino.
Recentemente, por influência conjugal, arvorismo e rapel.
Já fiquei com uma prima. Atire a primeira pedra quem nunca pecou.
Jamais tive um ídolo.
Tenho um monte de idéias legais para tatuagens, nunca fiz nenhuma.
Tenho um piercing. Não tiro por nada.
Gosto de gatos e cachorros.
Já tive dois pássaros e um hamster.
Nunca repeti de ano, mas já fiquei em recuperação de matemática.
Em modéstia, dirijo bem. E gosto de volante.
Já nadei nu. É bom demais!
De meus quatro cisos, não sobrou nem um. Tenho três deles guardados. São enormes.
Quando eu era bebê, uma janela guilhotina quase arrancou oito de meus dedos.
Eu solto pêlos.
Sei que não posso voar, mas quero saltar de pára-quedas.
Quero fazer pelo menos um trabalho em correspondência de guerra.
Já dormi em rede e já montei barraca, mas gosto de um teto sobre a minha cabeça.
Para tudo há um porquê. Me convença, ou não conte comigo.
Mexa comigo. Não mexa com a minha mulher. Também não mexa com os meus amigos.
Já fiz karatê e boxe. E poucas aulas de capoeira e aikidô.
Não gosto de violência.
Nunca fui preso. Mas sempre me páram em blitze.
Já dei carteirada de jornalista. Acho pouco cívico, mas às vezes é necessário. E algumas pessoas simplesmente merecem.
Já fui assaltado algumas vezes, e em todas reagi de forma diferente.
Já briguei na escola. Quebrei o nariz do coleguinha.
Meu pai dizia que seu apanhasse na rua apanharia em casa também.
Já traí e já fui traído. Não me orgulho muito de nada disso.
Já fui para cama com mulheres comprometidas, incluindo uma noiva. Disso não tenho queixas.
Mulheres casadas são contra a minha religião.
Nunca fiz aula de canto, mas até que gosto da minha voz.
Fiz aula de flauta mas não toco mais. Fiz aula de violão mas não adiantou absolutamente nada.
Família é um assunto delicado.
Amo minha mãe. E reconheço todos os sacrifícios que ela fez para me criar sozinha.
Não fale mal da minha mãe. Pode dar merda. Sério.
Sim, eu estudei no São Bento. Melhor época da minha vida.
Já fiz diário. Hoje em dia escrevo um blog. Vejo pouca diferença.
Tenho guardados um monte de cartões e cartas que recebi ao longo dos últimos 26 anos.
Há dias em que penso ter nascido há 10 mil anos atrás.
Há dias em que me acho uma verdadeira criança.
Não gosto do termo adulto. Prefiro pós-adolescente.
Adoro livros, música e vinhos.
Não vou conseguir ler tudo que quero antes de morrer.
Não passo sem doces. Principalmente chocolate.
Já me assustei muito por causa de menstruações atrasadas.
Sei fazer poemas. Alguns são muito bons.
Já chorei por amor, já menti por amor, já sofri por amor...
Meu pai morreu quando eu era moleque. É difícil mensurar a perda.
As vezes acho que foi grave, às vezes nem tanto.
Poucas namoradas.
Já fui o primeiro homem de uma mulher, mas só uma vez.
Quando eu digo É gostosa mas não é duas, sei do que estou falando.
Já fui pressionado ao casamento. Pulei fora.
Já fiz sexo por sexo e não me arrependo.
Não sou muito crédulo. Aliás, tendo ao cinismo.
Costumo enxergar o pior nas pessoas.
Sou expansivo, mas cultivo poucas e preciosíssimas amizades.
Geralmente as mais velhas. Agora, mais nova.
Geralmente as branquelas. Agora, morena.
Já me achei o máximo.
Já me achei o fim do mundo.
Hoje em dia me acho o máximo.
Costumo causar uma primeira impressão de esnobe e pedante.
Esta primeira impressão é correta. Eu sou mesmo.
Já mandei flores, e já recebi também.
Meus pecados prediletos são a Luxúria e a Preguiça.
...Mas também sou muito, muito orgulhoso.
Estou satisfeito com a minha carreira, mas não com o meu salário.
Adoro filhotes, não importa a espécie.
Acho meu nome meio estranho, mas gosto dele.
Não me chame de Glaucio. Eu... odeio... ser chamado de Glaucio.
A vida tem trilha sonora. Disso nunca duvidei.
Vejo coelho na lua cheia.
Gosto de mato, de rio, e de cheiro de terra molhada.
Quero uma Harley Davidson Night Train e um utilitário na garagem.
Costumo demorar a explodir.
Quando eu explodir, você não vai querer estar por perto.
Sou geminiano, com direito a inesperadas flutuações de humor.
Meninos do basquete gostam de meninas do vôlei.
Por duas vezes na vida julguei ter encontrado uma mulher com quem poderia passar o resto dos meus dias. Nesta segunda vez, espero que tudo dê certo.
Estarei de férias em maio, e mal posso esperar.

Nada mais prolixo do que um jornalista com tempo para escrever. Acho que já falei demais.

21.3.05

Entre certos (?) e errados (!!)

O Arthur Xexéo escreveu uma crônica reclamando muito porque a Diana Krall e o Lenny Kravitz não tocariam no Rio de Janeiro. Dizia que a cidade estaria, por conta de pura burocracia e má administração de certos espaços públicos, perdendo participação no grande cenário cultural brasileiro. Está Certo. Citada na crônica, a diretora da Fundação Teatro Municipal, Helena Severo, informou que não abre o teatro para shows que não sejam montagens de óperas ou concertos clássicos. Na minha muito humilde opinião, está errada. Lenny não caberia no Municipal, sejamos racionais. Diana Krall, sim. O palco não tem vocação exclusivamente clássica. Nunca teve. E anualmente abre as portas para o Prêmio Multishow. A diferença está pura e simplesmente na força da grana que ergue e destrói coisas belas - porque o aluguel do espaço não deve ser nada barato, convenhamos. Diante do argumento apresentado por Helena, Xexéo a chamou de reacionária, e afirmou que o Rio está deixando de ser "a capital cultural do país". Também está errado. Helena não é reacionária. Faz um bom trabalho. Tudo bem, ela administra um orçamento gordo, talvez não seja tão difícil. Mas o Municipal foi revitalizado nos últimos anos, e todo mundo tem direito a suas posições na vida. O Rio... bem, o Rio já não é capital cultural do país há muito tempo. Mas a nossa receita em ebulição de areia, asfalto e morro ainda rende excelentes caldos em todas as frentes de arte. Além do mais, Diana e Lenny não são cultura nacional, vamos combinar.
(...)
A Diana não veio. O Medina - o mesmo do Rock in Rio - tentou trazer Kravitz, não conseguiu. Agiu como bom empresário que é. Não deu, não deu. Está certo. O César Maia, só porque a prefeitura foi também citada pelo Xexéo, resolveu, de birra, gastar milhões para fazer o show de graça em Copacabana - em plena segunda-feira. Está errado. Duplamente errado. Triplamente errado. Segunda-feira não era dia para se dar um nó no trânsito da cidade. E a desculpa de grand finale para os festejos de 440 anos do Rio é pífia justificativa para um evento que consumiu milhões dos cofres públicos, enquanto o Panamericano - esse sim, que pode render bom retorno financeiro ao município - caminha a passos de tartaruga, e a Saúde anda do jeito que está. Será que o preço desse show - desnecessário em última anáise - não poderia ser investido em seringas, agulhas, cadeiras de roda, roupa de cama... médicos para os nossos hospitais? Pelamordedeus! Enquanto alguns milhares de adolescentes enchem a cara e pulam na areia, as Forças Armadas estão montando hospitais de campanha na cidade!! Vocês sabem o que é isso?! Tem gente sendo atendida em ambulatório de guerra!! Bem... vai ver é adequado: nós vivemos mesmo uma guerra civil não anunciada... Eu até gosto de Lenny Kravitz, mas está errado. Está muito, muito errado.

Eu odeio segunda-feira!

...Vocês, não?

16.3.05

Lições de Capitalismo à sua escolha!

Capitalismo ideal:
Você tem duas vacas. Vende uma e compra um touro. Eles se multiplicam, a economia cresce. Você vende o rebanho e se aposenta rico!


Capitalismo americano:
Você tem duas vacas. Vende uma e força a outra a produzir o leite de quatro vacas. Fica surpreso quando ela morre.

Capitalismo japonês:
Você tem duas vacas. Redesenha-as geneticamente para que tenham um décimo do tamanho de uma vaca normal e produzam 20 vezes mais leite. Depois cria desenhinhos de vacas chamados Vaquimon e os vende para o mundo inteiro.

Capitalismo especulativo:
Você tem duas vacas. Vende três para a sua companhia de capital aberto usando garantias de crédito emitidas por seu cunhado. Depois faz uma troca de dívidas em ações por meio de uma oferta geral associada, de forma a conseguir de volta as quatro vacas, com isenção fiscal para cinco. Os direitos de leite sobre as seis vacas são transferidos para uma companhia das Ilhas Cayman, da qual seu sócio é secretamente o dono. Ele vende as sete vacas novamente para a sua companhia. O relatório anual diz que a empresa possui oito vacas, com opções em commodities para mais uma. Você vende uma vaca para comprar o novo presidente dos Estados Unidos e fica com nove vacas. Ninguém fornece o balanço das operações e o governo compra o seu esterco sem licitação.

Capitalismo britânico:
Você tem duas vacas. As duas são loucas.

Capitalismo holandês:
Você tem duas vacas. Elas vivem juntas, não gostam de touros... e tudo bem.

Capitalismo alemão:
Você tem duas vacas. Elas produzem leite regularmente, segundo padrões de quantidade e horário previamente estabelecidos, de forma precisa e lucrativa. Mas o que você queria mesmo era criar porcos.

Capitalismo russo:
Você tem duas vacas. Conta-as e vê que tem cinco. Conta de novo e vê que tem 42. Conta de novo e vê que tem 12 vacas. Você pára de contar e abre outra garrafa de vodca.

Capitalismo português:
Você tem duas vacas. E se pergunta por que seu rebanho não cresce...

Capitalismo chinês:

Você tem duas vacas e 300 pessoas tirando leite delas. Você se gaba de ter pleno emprego e alta produtividade. E prende o ativista que divulgou os números.

Capitalismo hindu:
Você tem duas vacas. E ai de quem tocar nelas!

Capitalismo argentino:
Você tem duas vacas. Você se esforça para ensinar as vacas mugirem em inglês. As vacas morrem. Você entrega a carne delas para o churrasco de fim de ano do FMI.

Capitalismo brasileiro:
Você tem duas vacas. Uma delas é roubada. O governo cria a CCPV - Contribuição Compulsória pela Posse de Vaca. Um fiscal vem e te autua, porque embora você tenha recolhido corretamente a CCPV, o valor deveria ser calculado pelo número de vacas presumidas e não pelo de vacas reais. A Receita Federal, por meio de dados também presumidos do seu consumo de leite, queijo e sapatos de couro, presumia que você tivesse 200 vacas. Para se livrar da encrenca, você dá a vaca restante para o fiscal, e fica tudo por isso mesmo.

15.3.05

Nada, nada

Então, nessa segunda-feira eu passei o dia pensando em escrever alguma coisa interessante por aqui. Pensei em falar da intervenção federal na saúde do Rio, mas concluí que, por ter passado o fim de semana de folga, não tinha informações o bastante para formular um texto suficientemente criterioso. Pensei em dizer que estou cansado e preciso de férias, mas isso seria assunto repetido, logo enfadonho. Acabou que o dia foi agitado e, além da falta de assunto criativo a explorar, fiquei também sem tempo. Agora, meia-noite de dezenove, a segunda-feira passou, já veio a terça, e eu preciso dormir, porque daqui a mais ou menos sete horas começa tudo de novo... Acho que é isso: o hábito de escrever também nos rende frustrações de quando em vez. Eu juro que nesta segunda-feira queria ter escrito algo genial. Acho até que estive perto do conceito inicial em alguns momentos. Eu juro que podia até sentir o cheiro... mas talvez fosse apenas o incenso. Ou a fumaça preta dos carros. Fica para uma próxima (...) O pior é que a gente nunca sabe quando vai conseguir, novamente, chegar perto de um texto genial. Mas a oportunidade de hoje (ontem) eu perdi.
Lastimável.

11.3.05

Gota d' Água

Essa é do Chico. Ótima para aqueles dias em que você simplesmente não acordou bem, e só quer ficar encolhido, mandar o mundo às favas (...) A propósito, é a música tema da minha próxima peça.

Já lhe dei meu corpo, minha alegria
Já estanquei meu sangue quando fervia
Olha a voz que me resta
Olha a veia que salta
Olha a gota que falta pro desfecho da festa
Por favor

Deixe em paz meu coração
Que ele é um pote até aqui de mágoa
E qualquer desatenção - faça não.
Pode ser a gota d'água

8.3.05

Reencontrando um amigo

Hoje subi num palco pela primeira vez em mais um menos uns três meses. Foi diferente. Desde a última vez em que fui aplaudido ao final de uma apresentação até esta bela manhã ensolarada de terça-feira, muita coisa mudou na minha vida. Prioridades foram - e estão sendo - revistas, planos foram desenhados, ambições despertadas. Que tudo isso tenha ocorrido num curto período em que eu estive afastado do teatro talvez não seja coincidência. É possível que a ausência de uma das minhas mais eficientes ferramentas de auto-análise tenha me forçado não a avaliar o quadro então presente, mas a mudar de quadro como um todo. Tela limpa, tabula rasa. Logo logo estarei de volta à acelerada rotina de textos e ensaios, de mergulhos pessoais, de contato com anjos e demônios que me dividem como habibat. Resta saber como essas diversas entidades reagirão ao meu novo quadro. Entre algumas indignações e muitos sorrisos, eu estou gostando do desenho que se forma. Estou mais calmo, mais centrado... e, paradoxalmente, mais ansioso. Estou também curioso para saber como essa nova mistura de mim vai reagir em cena. Será ebulição? Será inerte? Hoje, o palco me pareceu familiar. Apenas familiar. Como um amigo que não vemos há muito, e sempre se apresenta com aquela reserva, aquele olhar de dúvida, querendo saber se você voltou para valer.
- Eu não sei, amigo. Estive longe, vi outras coisas. Me apaixonei - por uma pessoa e por várias idéias. Não sei se voltei para valer. Mas, de qualquer forma, é muito bom te ver novo.

4.3.05

Tudo de ruim

Eu queria e merecia folgar neste fim de semana. Está ficando difícil. Eu preciso de férias.

2.3.05

Sarajevo é brincadeira

Atrasado, mas antes tarde do que nunca....
A violência está cada vez mais insuportável. A saúde pública foi para a casa do chapéu, porque o secretário não é médico, não tem o mais pálido conhecimento de causa, e está lá só porque financia a campanha do prefeito, e faz questão de uma pasta no primeiro escalão do executivo municipal. Vaidade, tudo é vaidade. Nesta cidade, principalmente. Aliás, o alcade, reeleito, já fala em tom de campanha presidencial. Ele, que era um bom síndico, botou olho gordo e quer ser cacique da associação de moradores do bairro. Com isso, acaba deixando um pouco de lado o próprio quintal, faz política com a desgraça alheia. Tem gente morrendo sem atendimento, tem Emergência fechando por vazamento de esgoto, com merda boiando ao lado dos pacientes - muito ilustrativo e emblemático. A zona sul virou praça de guerra. É a eqüidade social nivelada por baixo. Segunda e terça-feira teve tiroteiro na Niemeyer. Dizem que a Rocinha perdeu o Vidigal - os alemão tomaram conta das boca tudo, mano. Parada norótica. Bala largada não tem endereço. Cuidado! Se estiver perdida, pode achar você...

Mas enquanto o sol ferve na areia, eu continuo apaixonado. Não dá para largar. Aqui, zero-21. Ora pro nobis, Redentor. Abençoa este pedaço de chão entre o mar e a montanha. Nós, mesmo espremidos, continuamos na luta. Sempre sorrindo, ainda que amarelo. Quatrocentos e quarenta anos! Aos que nasceram aqui ou que vieram de fora: vocês não adoram ser - ou mesmo estar - cariocas?

1.3.05

Todo amor que houver nesta vida

Ao longo da minha não-tão-longa caminhada, diversas pessoas me ajudaram a entender um pouco melhor o significado da palavra amor. O conceito é grandioso, e explorá-lo é coisa para se fazer em verso, não em prosa, constantemente sob risco de flerte com a pieguice sobre a autenticidade. Mas hoje vou me arriscar. Porque ontem uma certa menina me fez ver em primeira pessoa um pouco mais desse sentimento: aquela velha história de que amar é sentir-se realizado pela felicidade de outra pessoa. Isso eu sempre tinha ouvido, mas não ainda vivenciado realmente (...) Minha namorada não precisa de um diploma para dizer o quão boa jornalista é. Caprichosa, perfeccionista, com auto-crítica na dose certa, e ávida por aprendizado, ela já se mostrava uma excelente profissional antes mesmo de ser uma profissional. Mas ontem ela cortou oficialmente o cordão umbilical com a faculdade. Me lembro da alegria que senti quando passei por isso, há coisa de cinco anos. Parece que foi ontem, parece que séculos se passaram. Mas se não estou confuso, foi um momento feliz, apesar de tantas dúvidas, do peso do título, da responsabilidade. Ela, na sua vez, sorriu e chorou. A solenidade de colação, realizada em um teatro, naturalmente me despertou apetites. Houve hora em que não resisti e gritei EU TE AMO para que todos ouvissem - a acústica do espaço era ótima, acho que nem precisava ter projetado tanto a voz... Mas é que de repente, a palavra amor fica pequena. E mesmo eu, que queria falar sobre o quanto estava feliz e pleno por essa vitória dela, já me perdi em divagacões, me embaralhei como um aliterato, e estou perigosamente próximo de indesejáveis clichés. Chega um momento em que teorizar é inútil, e relatar desnecessário. Por que ao abordar o amor, de que serve a objetividade?

Deca, o que você precisa saber é que eu me orgulho muito de você. Estava linda de beca, me deixou babando de paixão e felicidade. Você merece o melhor: teve a coragem de começar tudo de novo para apostar na carreira que queria. Uma carreira difícil, cheia de altos e baixos, mas que compensa quem acredita em si mesmo. Profissionalmente, eu torço por você com amor maior que o de um amigo verdadeiro. Por ser filho único, eu não sei como é o amor de um irmão... talvez seja algo próximo. Pessoalmente, eu anseio pelo teu sorriso com o desespero de um viciado, e o deslumbramento em acalanto de quem vislumbra o paraíso. Teu simples olhar mistura tudo isso em mim. Também por ser filho único, aprendi a cultivar minhas próprias vitórias, e nunca pensei que pudesse me sentir tão realizado através de outra pessoa. É algo novo, mas agradável. A palavra amor, de fato, ficou pequena. Talvez seja melhor calar. Parabéns pela formatura, e obrigado pelo carinho nesses dois meses que completamos hoje. Você me completa (...) Pronto! - fui piegas! Não teve jeito... Agora está dito.