29.11.05

Eu, ator

Então é isso. Esta noite me tornei um ator... profissional?! Mas será que foi hoje mesmo? Engraçado... já me senti mais "ator profissional" antes, em outros trabalhos, com os quais me identifiquei mais, me dediquei mais, e ao fim do processo, até me diverti mais. Mas a escola diz que agora sou um ator profissional. Antes de descerem as cortinas, os aplausos do teatro lotado me disseram tão-somente "Parabéns. Você se desafiou a fazer isso, e conseguiu. Mais uma etapa vencida". O que não deixa de ser bom, by all means. Você se aquela reta final de faculdade em que tudo o que a gente quer é entregar a monografia e cortar o cordão umbilical, mas quanto mais esforço, mais longe parece o objetivo? Pois é. Ao menos, pelo que consta, objetivo alcançado. Agora basta esperar o diploma e tirar o registro.
Confesso, entretanto, que esta última montagem não me agradou. Mas talvez, justamente por isso, possa ser considerada a última real lição da escola de teatro, uma que eu tive que viver na prática para aprender. Mais de uma vez ouvi de professores que a satisfação com o palco vinha muito das escolhas que se faz na vida, o que significa dizer que, se você não é um ator-desempregado-louco-atrás-de-qualquer-papel, aceite apenas trabalhar com textos nos quais você realmente acredita, pelos quais se sinta instigado. Talvez, ao saber da viagem a Washington e do atropelo que isso traria a todo o processo, adiar minha formatura tivesse sido uma melhor escolha. Mas eu, geminiano, fiquei morrendo de medo de não voltar (...) Bah!! - Isso já não vem ao caso... Fica a felicidade aliviada de saber que não sou um ator-desempregado-louco-atrás-de-qualquer-papel - Graças! - e a então promessa pessoal de que, daqui por diante, se novos papéis surgirem, procurarei fazer apenas boas escolhas. A salutar necessidade de boas escolhas... taí: essa foi a última grande lição do curso de teatro que, oficialmente, completei hoje. Há, na escola, uma brincadeira-séria que diz "A Casa das Artes de Laranjeiras orgulhosamente apresenta mais uma turma de atores sem emprego". Apesar de todos os atropelos e algumas desavenças, espero que dessa trupe - que até hoje não sei exatamente se posso chamar de minha - não saia nenhum desses. Quanto a mim, agradeço apenas por ter experimentado o palco, um prazer indescritível nos momentos em que eu realmente estive lá de corpo e alma. Sem falsa modéstia, acredito ter me tornado um belo ator. E até que a Bárbara Heliodora se digne a fazer uma crítica negativa de qualquer trabalho meu, ninguém vai me convencer do contrário. Isto posto, aplausos para mim.
E... alguém aí conhece um grupo ou companhia que trabalhe seriamente, ensaiando em horários beeeeemmmm flexíveis?

26.11.05

O Resumo da Ópera

A vantagem de ter uma namorada com a mesma idade mental que a minha é que ela me leva para ver Harry Potter no fim de semana da estréia (...) É isso.

23.11.05

Sem direito a uma Kaiser antes

Minha vovó dizia - será que era ela mesmo? Bem, não importa. Alguém dizia, e a coisa ficou gravada no meu subconsciente idio-coletivo (sim, essa eu acabei de inventar. Legal, né? Eu adorei!) - que a oportunidade é uma mulher louca e careca, com apenas uma franja à guisa de cabelo. Então, se você não a agarra de frente quando ela passa por perto, pode começar a rezar para que ela, dentro de seu caótico e errático ciclo , resolva passar novamente por você; o que pode ou não acontecer.
Pois bem...
Uma oportunidade bem grande, vamos chamar assim... uma senhora oportunidade, acaba de me pegar pelos ombros e sacudir bem forte. Bateu na minha cara como quem diz "acorda!!", e de tanto esforço desalinhou a franja. Está agora me olhando com belíssimos olhos verdes, indagando-me em silêncio que atitude vou tomar agora.
Xeque. Minha vez.
Hoje me sinto muito bem, mas só com um pouquinho de medo.

17.11.05

...Estarei ficando velho?

Antes de mais nada, que fique claro: sou um patriota. Posso não adotar posições políticas radicais, até por uma óbvia restrição de ética profissional, mas gosto de pensar o país, e sou apreciador de seus símbolos, a começar pelo Hino Nacional, que reputo ser uma belíssima obra de poesia. Pois nesta quinta-feira passei por uma situação curiosa: cobrindo um ato de apoio a José Dirceu no Rio de Janeiro, fiquei surpreendentemente contrariado e, por que não dizer, enraivecido, ao ouvir centenas de petistas encerrarem a cerimônia cantando em coro à Pátria Mãe Gentil. Pareceu-me a a apropriação indébita de um símbolo maior, do país, com o propósito específico de render homenagem a um personagem que - a parte de toda a trajetória política de luta democrática - parece mesmo ter participado dos bastidores de um dos mais lamentáveis episódios da história recente do Brasil. Sem dúvida, para toda aquela turma, deve ter sido apenas natural cantar o Hino Nacional para marcar uma posição política que muitos devem genuinamente - sem trocadilho, por favor - acreditar ser a melhor para o futuro da nação. A questão é: poderiam eles fazê-lo à revelia de quem, presente ali ou não, falha em ver o PT como uma boa alternativa? Por que não cantaram o hino do partido? Não foi a primeira e certamente não será a última vez que ouvirei, a trabalho, a inspirada obra de Joaquim Osório Duque Estrada e Francisco Manuel da Silva. Mas desta vez, de pronto, e até mesmo para minha surpresa, confesso, não me vieram gratas lembranças cívicas - revoltei-me. Não cantei. Saí às pressas do auditório. Será que fui por demais purista na interpretação do que possa significar tão-somente uma música como catalisadora de vontades comuns, ou alguém entre a minha meia dúzia de leitores enxerga sombra de sentido ou razão em minha quase-cólera? Por certo, o Hino é de todos nós brasileiros, e eles tinham o direito de cantá-lo. Mas eu fiquei muito triste em pensar que não o estavam entoando por um bom motivo... Meu Deus, será que estou virando um reacionário rabugento?

14.11.05

No pain, no gain

Depois de um mês de férias, volto à academia, com toda aquela falta de força e ritmo tão característica dos sedentários. Me sinto meio estranho. Subo à balança e lá vem a primeira má notícia: quatro quilos a mais, que certamente não são de massa magra. Triste. Procuro a professora para fazer uma nova série. Tenho idéias para os próximos meses, e um planejamento para organizar a malhação. E o que ela me diz? "Não sei se podemos aplicar esta série. Isso que você quer fazer é coisa de marombeiro"
COMO ASSIM, EU NÃO SOU MAROMBEIRO?!?!?!?!?!?!
Todas as luzes vermelhas se acenderam, todos os alarmes soaram no último volume. Está tendo início a Operação Verão 2006. Me aguardem.

Em verdade vos digo

Diz o jovem filósofo e conselheiro sentimental: acreditem, crianças, um bom diálogo é sempre a melhor solução.

7.11.05

Puxando a cordinha

Para tomar emprestadas as linhas de alguém que entendia muito mais do que eu sobre as angústias cotidianas do ser humano:
Tenho andado distraído, impaciente e indeciso.
Perguntas demais, projetos demais, respostas de menos. Onde será que eu vou estar amanhã?
Eu sei que ninguém vai poder responder, mas eu quis perguntar assim mesmo, só pra ver se o Cosmos oferece algum tipo de manifestação clara e final... Até o momento, de frente para mais uma tela da redação, não veio resposta nenhuma. Nem telefone tocou.

1.11.05

O trágico pelo cômico

Eu sei, eu sei... Isso aqui anda às traças. Um, porque ando meio sem inspiração, e dois porque foi completamente absorvido por joguinhos demoníacos de PC. Até minha namorada virou uma fominha de computador. Tanto, talvez mais do que eu.
Mas atentem para essa saga da terceira idade, e me digam: não fosse a tragicidade da coisa... não seria cômico?
Assaltantes que estavam planejando um roubo de carga levaram uma ambulância em um dos acessos à Ilha do Fundão, na zona norte do Rio, nesta segunda-feira, e com o veículo um idoso surdo e sua acompanhante. A ambulância vinha do município de Paty de Alferes, na região Centro Sul do estado, trazendo treze pacientes para tratamento em diversos hospitais da capital. Quando o motorista chegava ao Hospital Universitário da UFRJ, bandidos armados fecharam a pista e anunciaram o assalto. A paciente Clea Cardoso, de 63 anos, usuária de uma bengala, teve dificuldade para descer, e quase foi levada também pelos criminosos. Além da ambulância da prefeitura de Paty do Alferes, os bandidos levaram um carro. O administrador de empresas Júlio Cesar Leal estava conduzindo o filho para o Aeroporto Internacional Tom Jobim, quando foi abordado. Ele conta que os criminosos estavam nervosos com a demora dos pacientes em deixar a ambulância à frente. O carro de Júlio Cesar e a ambulância de Paty do Alferes foram localizados ainda pela manhã perto de um dos acessos à favela Vila Joanisa, na Ilha do Governador. A unidade médica teve todos os bancos removidos para acomodar algum tipo de carga, provavelmente cigarros, segundo a polícia. Os bandidos abandoram os veículos durante uma troca de tiros, num local onde estava sendo descarregada uma remessa de maços. O idoso surdo e sua acompanhante foram liberados pelos criminosos logo depois do roubo da ambulância, mas não procuraram ajuda policial. Segundo o subsecretário de planejamento e integração operacional da Secretaria de Segurança Pública, Paulo Souto, as vítimas voltaram por conta própria a Paty do Alferes. O delegado não descartou a possibilidade de convocar o idoso e sua acompanhante a prestarem depoimento na Ilha do Governador, onde o caso foi resgistrado e o planejamento do roubo de carga está sendo investigado.