31.12.05

Resoluções para o ano que chega

Investir mais tempo em mim.
Investir mais dinheiro em mim.
Investir mais dinheiro no banco.
Voltar a jogar basquete pelo menos uma vez por semana.
Voltar a mergulhar. Desta vez é sério.
Pular de pára-quedas. Mas só se eu tiver coragem.
Pular sem pára-quedas em todos os projetos que me pareçam válidos e pertinentes.
Abraçar e beijar meus amigos e amigas. Mais e melhor.
Sem pretensões e motivações religiosas, perdoar.
Exercer um pouco mais de tolerância.
- Ou não.
...Tudo bem, tudo bem: risca a tolerância. Quero continuar sarcástico e debochado. Eu gosto assim.
Conciliar minhas duas vocações, ainda que muita gente insista em me chamar de louco.
- Aliás, quero continuar louco, sob todo e qualquer aspecto.
Em 2006, espero continuar sorrindo.
Muito.
E quero também escrever uma mensagem de fim de ano mais original e menos piegas do que esta.
Que os Deuses Antigos me concedam autencidade para ser eu mesmo, só que melhor.
Felizes 365 dias para todos.

26.12.05

Brotas, SP

Pain Lies on the Riverside - Live
I have never taken Life
Yet I have often paid the price
And you, you are a victim of this age
And the guilt that hangs around your neck
Has got me locked up in a cage
You've got to learn to live until no end
But first you must learn to swim all over again,
Because
Pain lies on the riverside
And pain will never say goodbye
Pain lies on the riverside
So put you feet in the water
Put your head in the water
Put your soul in the water
And join me for a swim tonight
I have forever, always tried
To stay clean and constantly baptized
I am aware that your river's banks, they are dry
And to wait for a flood Is to wait for life
I've got to learn to live until no end

But first I must learn to swim all over again,
Because
Pain lies on the riverside
And pain will never say goodbye
Pain Lies on the riverside
So put you feet in the water
Put your head in the water
Put your soul in the water

And join me for a swim tonight.

19.12.05

Do inferno ao Céu e Feliz Natal

O inferno: correria de shopping quase às vésperas do Natal. Para não mencionar a grana do táxi, porque não havia condição ou possibilidade humana de carregar aqueles embrulhos todos de ônibus. E eu não vou nem falar sobre o meu saldo bancário depois desta viagem aos quintos. Sobre este assunto, só me manifesto em juízo, e mesmo assim somente em 2006. Se possível for, após o Carnaval.
O Céu: uma semana de folga em outro código de área, longe de tudo, com rafting, rapel e arvorismo no cardápio. E o melhor: na feliz companhia dela.
O Feliz Natal: por motivo de viagem do editor, Letras Mortas entra em recesso natalino. A meia-dúzia de leitores que ainda passam por aqui, desejamos tudo de melhor que o festejo Cristão possa oferecer em termos comerciais; porque convenhamos: à parte do bacalhau e do vinho - e quem sabe a possibilidade de colocar o papo em dia com aquela prima que você não vê há um tempão - o que todo mundo quer mesmo é ganhar um carro do ano. E se você ainda acredita em Papai-Noel... por favor nos envie a fórmula do que quer esteja tomando.

12.12.05

Pode preparar o funéreo...

Como é?! Nelson Tanure assumiu o controle acionário da Varig?! Agora sim a coisa vai... pro buraco. Alguém aí tem sugestões para o epitáfio?

8.12.05

La petite mort

Estou reeditando. Mas é uma das minhas prediletas.
Abriu a porta da varanda de forma lenta e deliberada. O vento lambeu seu rosto e braços, arrepiando pêlos e trazendo-lhe a lembrança dos passeios de bicicleta pelas ladeiras da infância. Não estava frio, apenas confortável. Ele sabia que tinha uma reunião importante pela manhã, mas entendeu que, se havia despertado com o uivo fraco mas insistente à janela, poderia muito bem aproveitar o céu de estrelas e lua nova. Coçou gentilmente a barba por fazer, a fricção aquecendo-lhe levemente as mãos, e foi até a geladeira sem acender as luzes no caminho. Apanhou uma garrafa de vinho tinto, buscou o romance que repousava na cabeceira da cama, e voltou ao amplo balcão externo, onde o vento que o acordara havia se transfomado em suave brisa. Acomodou-se em uma espreguiçadeira para ouvir a maresia e cheirar a chuva que já não caía, mas deixara uma fina camada de umidade sobre as plantas. Serviu-se uma taça, o gorgolejar do vinho ao deixar a garrafa saciando-lhe os ouvidos em uma madrugada atipicamente silenciosa, e perfeitamente sua. Abriu o livro. Estava mais ou menos no meio do segundo parágrafo quando uma pomba imaculadamente branca pousou no alambrado, e arrulhou um alô que só ele, entre todos os seres humanos, poderia entender. Como uma criança, devolveu o ruído. O bicho lhe sorriu e alçou vôo. Retornou ao livro, e nele permaneceu até pesarem os olhos. Estava recolhendo taça e garrafa, pronto para voltar para a cama, quando percebeu uma luz se acendendo no prédio em frente. Do outro lado da rua, uma mulher esguia, quase impossivelmente longilínea, chegava também à varanda. Usava uma camisola de seda preta que dispersava uma luminiscência tremulante ao sabor do vento - o mesmo vento que à primeira lufada delineou de forma gradual mas firme os jovens mamilos, em seios que ele não conseguiu decidir se eram pequenos ou fartos. A visão paralisou-o por alguns instantes pela pura beleza, e por não mais de um momento teve a ceteza de que, apesar da distância, os olhos dela - palidamente azuis em baixo contraste com a alva compleição da face - cruzaram com os seus. O encontro não foi instintivo, tampouco espiritual. Residiu no inefável, no indefinível. Sob o manto negro respingado de luz daquela noite sem lua, dançaram uma paradoxal sinfonia de nota única, eterna em sua brevidade. Ele apenas sorriu e voltou para o quarto. Ela abriu uma garrafa de vinho.

5.12.05

Domingão

Não há nada que uma boa tarde de patinação não cure...