19.11.08

Mau como o pica-pau

O que acontece quando Glauco Paiva visita a Praia Azul em Três Irmãs:

5.11.08

Enquanto isso, no Rio de Janeiro....

O prefeito eleito Eduardo Paes vai de Alexandre Sansão como secretário de Transportes. O engenheiro terá pela frente a difícil missão de regularizar, e por que não dizer, moralizar a caótica e mafiosa realidade do transporte alternativo na cidade. Sansão é... careca. Dá pra confiar?

Mudança?

Os Estados Unidos elegeram, nesta terça-feira, seu primeiro presidente afro-americano. É, sem dúvida, um salto democrático em um país onde, há não muito mais do que cinqüenta anos, negros sequer podiam votar. O Senador Barack Obama chega à Casa Branca com um imensurável cafice de mobilização doméstica e boa vontade internacional. Resta saber o que fará com esse capital.
A parte de seu inegável carisma, enorme talento para oratória e inédita criatividade na forma de fazer campanha, Barack Obama é, antes de tudo, um democrata - e agora não estou falando do amplo conceito teórico, mas do stricto sensu partidário. Democratas são, em regra, mais protecionistas que republicanos. Em tempos de crise econômica, será interessante ver que posições o novo presidente tomará, por exemplo, quanto a subsídios agrícolas e negociações comerciais multilaterais, especialmente a Rodada Doha, que tem potencial para alavancar bilhões de dólares em comércio internacional, mas está travada em disputas entre o bloco europeu e importantes membros do G-20, notadamente a Índia. No que tange especificamente à Doha, Brasil e Estados Unidos estão em posição adequada para assumirem, juntos, um papel de liderança estratégica, algo que pode se disseminar para outras áreas de cooperação bilateral com influência prática ao redor do globo.
(...)
Mas será que Obama está pronto para angariar a boa vontade do Planalto através da redução das tarifas de importação sobre o etanol brasileiro? Os mais apressados dirão que esta decisão não cabe exclusivamente ao presidente, mas ao congresso. Ressalte-se que a nova legislatura estadunidense terá maioria democrata nas duas casas, e temos aí uma fórmula incipiente de protecionismo em nome da "proteção dos empregos americanos". Sim, caberá ao novo presidente batalhar, e muito, por mais abertura comercial. Essa responsabilidade recairá sobre os relativamente jovens ombros de Barack Obama, e será apenas uma das inúmeras áreas de cobrança acerca das quais ele será diariamente inquirido dentro e fora do país. Tamanho interesse sobre sua candidatura, a espetacularização de sua campanha e a histórica vitória neste novembro não haverão de gerar leniência: o novo ocupante da Casa Branca terá uma margem de erro muito pequena durante os próximos quatro anos. Menor ainda se ele tiver a pretensão de transformar os quatro anos em oito, e todos sabemos que presidentes costumam ser animais ambiciosos.
O Brasil aderiu fervorosamente à Obama-mania. Aparentemente, nossa carência por líderes de esquerda propelidos pela plataforma ideológica da "mudança" e pelo etéreo unafismo da "esperança" não foi totalmente saciada com as seguidas eleições de Lula. Particularmente, eu vi com olhos de jornalista a minha (ingênua?) aposta em ética política transformar-se em sucessivos escândalos na administração petista. Fui de pós-adolescente esquerdista a jovem adulto de centro-direita, e isso tem menos a ver com a minha idade do que com o fato de que a experiência brasileira com o presidente Lula elevou o meu grau de cinismo, lamentavelmente.
Em tempo: é bom lembrar que, apesar de toda a polêmica envolvendo sua primeira eleição, também George W. Bush teve seu momento de uníssono patriótico doméstico e simpatia internacional - logo após o ataque às torres gêmeas do World Trade Center, o mundo se uniu em solidariedade ao povo americano, e o governo jogou pelo ralo uma oportunidade de ouro de converter um episódio de horror em consolidação de liderança política global. O que se vê como resultado é um mapa mundi fragmentado com indícios de reedição da Guerra Fria. Especular é pecado, mas talvez, apenas talvez, se Bush não tivesse sido tão apressado em levar a guerra ao Oriente Médio, hoje tivéssemos um cenário político internacional mais estável, com os Estados Unidos sentados ao topo do mundo. Tal qual seu antecessor - à positiva exceção de que sua eleição nada tem de controversa e ambígüa - Obama parece ter a chance de ganhar o planeta. Ou, na pior das hipóteses, o hemisfério ocidental.
...Será que vai conseguir?