30.12.10

Atividade na laje

Em 2011, desejo que você...
Aumente a paz. Dentro, fora, e ao seu redor. Porque parece que vamos ter problemas entre as Coréias, o Oriente Médio continua o mesmo e a pacificação das favelas do Rio ainda vai dar pano pra manga. O mundo lá fora já está armado até os dentes. Nós não precisamos contribuir para isso.
Alcance o equilíbrio. Porque o taxímetro da vida louca nunca pára, e a humanidade segue caminhando rumo à contaminação terminal da água, terra e ar. Esse tal de equilíbrio não está à venda no E-bay e você vai ter que se virar para conseguir por si mesmo. Então consiga! – E depois me envie a receita.
Encontre o amor. Porque, afinal, quem gosta de cama fria é esquimó. Nos mares do norte (onde a água é bem gelada, por sinal) até as baleias beluga estão cruzando com narvais por falta de parceiros da mesma espécie. Todos nós queremos, precisamos e merecemos alguém que nos sorria e dê a mão. Alguém para dividir as manhãs de sol, as tardes de chuva e as noites de ventania. Pode ser pra sempre, pode ser por um Carnaval - Encontre o amor.
Cuide da amizade. Porque José Padilha nos mostrou em 2010 que, quando o bicho pega às três da manhã, até o Capitão Nascimento pede reforço para enfrentar o sistema. Não é vergonha. Na verdade, é mérito.
Explore o tesão. E deixe de pensar besteira, que eu já mencionei as baleias beluga taradas lá em cima. Estou falando do tesão em viver, de sonhar e realizar projetos, de ter boas ambições e lutar por elas, de não se contentar só com o que a vida oferece. Porque às vezes é pouco. E a gente acaba se acomodando sem perceber. Acorde!
Veja o que há para se ver. Porque o mundo e as pessoas estão aí, repletos de cores mil, tons de cinza e entrelinhas. E se você se convencer cedo demais de que é - ou os outros são - apenas o flamenguista, a mangueirense, a boa ou má pessoa, o solitário, a mãe solteira, a esposa exemplar, o garanhão, a piriguete, ou qualquer outro arquétipo à sua escolha, vai começar a enxergar tudo em preto e branco - e perder a deliciosa graça de ser todas as opções acima, ou apenas as que quiser ser, se e quando tiver vontade.
Aprenda a dançar. Só isso. Ou dance mesmo sem saber. Porque dançar é bom pra caralho. E vai te fazer bem. Neste quesito, uma nota só para os rapazes: quando vocês estiverem dançando, podem mexer o quadril - elas gostam.
Incremente com trabalho honesto e juros compostos o saldo da sua conta bancária. Porque, convenhamos, dinheiro não traz felicidade, mas sofrer em Paris já é um bom começo.
Quebre as regras. Não sempre – mas só de vez em quando permita-se experimentar o milenar e irredutível poder libertador de um bem aplicado “FODA-SE!”
Em letras miúdas, atente para que seu “FODA-SE!” não tenha implicações legais no Código Penal. Ou ao menos evite o flagrante.
Corte os teores de gordura trans e hipocrisia. As duas fazem muito mal e não exagerar no consumo só depende você. A propósito: tudo bem se o seu santo não bate com o de outra pessoa – ninguém é obrigado a gostar de todo mundo e tomar o partido do bem-querer o tempo todo. Raiva, menosprezo, ódio... tudo isso faz parte do jogo. Só cuide para não exagerar, ou vão te roer por dentro. E lembre-se de que aquilo que você projeta para o mundo volta para você. Karma – it’s a real bitch.
Permita o encontro. Porque no meio desse caos de Coréias, UPPs, danças, “foda-ses” e Karma, tem muita gente legal esperando para te dizer exatamente o que você precisa ouvir, e te dar o que você precisa receber. E essas pessoas podem já estar do seu lado, só você não viu.
Diga e ouça “desculpas”, “por favor” e “obrigado”, com autenticidade de propósito. A gente é capaz de passar batido com incrível facilidade por palavras e gestos de agradecimento e perdão, sem pensar no efeito que isso pode ter no outro. E o resultado desse descuido é quase sempre negativo, quando a porra de um torpedinho talvez bastasse. É infantil não agradecer, é burrice não reconhecer os próprios erros. Deixa eu dizer isso de novo: É infantil não agradecer, é burrice não reconhecer os próprios erros. Entendeu? Pois é.
Tenha Coragem e Força, Candura e Fé. Tudo com letras maiúsculas. Porque às vezes é preciso mesmo injetar sangue no olhar e partir pra dentro, parceiro(a), já que nada é de graça. Mas há também momentos em que vale admitir que certas coisas estão simplesmente fora do nosso controle, e aceitar que a Roda gira independentemente da nossa nobre e importante anuência. Ajuda exercitar um pouco de inteligência e perspicácia para distinguir uma situação da outra e escolher bem as lutas que se quer lutar.
Por fim, desejo para mim tudo isso que acabei de desejar a você, já sabendo que vou vacilar e precisar de ajuda de vez em quando. É bem possível que em algum momento ao longo dos próximos 12 meses – ou 80 anos – seja preciso me lembrar justamente das coisas que acabei de escrever aqui. Se couber a você esta tarefa, agradeço desde já sua paciência e compreensão. E em última nota, mas certamente não menos importante, quero que em 2011 a gente se encontre mais. Mas se encontre mesmo. Sabe aquela conversa de “permitir o encontro”? – É isso. Espero que você não suma. Mas se tiver que sumir, que seja pelos motivos certos. E se assim for, caminhe reto e firme.
Aumentando a Paz.
...Ainda que seja prudente manter a pólvora seca.
Até 2011!