10.8.04

A Vitória da Gaivota

Não te vanglories sobre mim até que (eu) esteja morto.
Ao bradar sobre meu corpo teu triunfo violento,
Esteja atento a meu último movimento
Que vai usurpar-te o frágil, débil porto
Em que atracavas certo de meu não-cadáver.

E alçarei daí vôos tais de galhardia,
Que tua vista, embaçada de surpresa,
Julgará mágicos, heréticos e incríveis.
- A ti revelarão, de mim, a natureza:
Irredutível e inclemente, sem farsas e covardias.

Em provar-te, destarte, ascendida minha arte
Vou consumir-te em chamas de orgulho e ira;
E perceberás, já tarde na história,
Que inerte outrora, meu clamor já vibra
Rasgando tua vitória
Com a fúria da minha lira.

E tua mão resultará inútil
E teu gesto ensejará o nada
E teus olhos só verão o escuro
E tua boca quedará calada.

E se ao fim do dia, de cinzas eu manchar o verde prado,
A certeza ao inferno descerá contigo:

Sobre mim, a louvação do bravo;
Jamais a ignomínia do inimigo!

Hmmm... só uma brincadeira boba com o teclado enquanto estudo um texto. Título explícita e intencionalmente Tchekoviano: estive relendo "A Gaivota" recentemente. Espero que o russo não se revire no túmulo. Mas até que não ficou tão ruim.

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