20.6.05

Batman to be continued...

Finalmente um filme do Batman como um filme do Batman deve ser. Sem o depressivo excesso de negro em luto do Tim Burton, e sem as gracinhas coloridas do Joel Schumacher. O clima gótico de Gotham City - que, aliás, confere nome à metrópole - sempre foi um problema para os diretores, convenhamos. Em Batman Begins a cidade ganhou um quê de Realismo. Um complexo de favelas bastante crível foi cravado no coração do conglomerado, e a violência de rua deixa transparecer que apesar de toda a suspensão de realidade - sem a qual não existiria o cinema - se você virar uma esquina errada, pode se meter em encrenca de verdade. A direção de Christopher Nolan fez de Gotham uma cidade partida, e justamente a partir dessa dualidade, os domínios do Homem-morcego estão mais góticos do que nunca. Destaque absoluto para o elenco de primeira. Liam Neesom e Morgan Freeman estão alçando vôos precisos como... ratos alados em uma caverna escura. E Gary Oldman... ah, Gary Oldman! Quando ele aparece pela primeira vez você diz: Mas ele não tem nada a ver com o Gordon! E aí, quando o filme termina, sai convencido de que os quadrinhos deveriam ser redesenhados para acomodar a figura do ator. A parte de tudo isso, Batman em si está mais humano do que nunca, o que me agrada e muito. Ben Affleck cuspindo dentes em O Demolidor foi um exagero. Mas em Begins a fragilidade - na falta de uma palavra melhor - de Bruce Wayne, tanto física quanto psicológica, está muito bem delineada. Fragilidade que se estende à identidade secreta, sempre um assunto delicado. O filme mostra aqueles que sabem, aqueles que descobrem, e até aqueles que não querem saber. Enfim: por tudo isso e mais, Batman Begins é um filme do Batman como um filme do Batman deve ser. Cuidado quando as luzes do cinema se apagarem, porque morcegos gostam do escuro, e você nunca sabe onde um deles pode estar escondido.

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