4.10.06

Lições aprendidas

Mantive o título, mudei o texto. Eu queria escrever aqui um comentário sobre a delicada relação entre repórteres e assessores de imprensa, tomando por base a cobertura do acidente aéreo da última sexta-feira. Após alguns minutos parado em frente à tela, cheguei à conclusão de que tenho medo de escrever esse texto. Não sei quem poderia vir a ler, não sei como iria me interpretar. Sentir-me impedido de escrever é algo absolutamente novo. E a sensação, posso dizer, é péssima. Iniciei várias frases, deletei-as todas. O cursor vai e vem numa dança inútil e irritante. Tanto a dizer; tanto receio de alimentar velhas e improdutivas polêmicas. Medo de irritar colegas que viraram amigos, vontade de fazer entender que, em certas horas, não se pode confundir relações pessoais com trabalho. Sinceramente, eu espero que compreendam isso... Eu acho que entendem. Quero acreditar que sim.
(...)
Era para ser um breve e produtivo ensaio, que levasse à reflexão sobre fluxo de informação e trabalho jornalístico. E tudo que consegui até agora foi esboçar um patético pedido de desculpas por erros que sei não ter cometido, enquanto, entre a cabeça e o teclado, alimento com vitaminas a indignação que estou sentindo com a atitude de alguns coleguinhas lá fora.
Talvez seja melhor parar e voltar outro dia. No campo pessoal, palavras não expressam o pesar por 154 vidas perdidas. No terreno profissional, têm sido dias de árduo aprendizado. Pelo que me vejo, de maneira acridoce, grato. É isso: não vai acabar amanhã, então vou calar a boca e continuar mastigando... só espero que não me venha um gosto amargo no final.

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