20.1.06

Sobre Amizade e aparelhos de ar-condicionado

Sempre fui daqueles a pensar que a real amizade se mede não só pelos bons momentos, mas também pela ciência e consciência de se poder contar com as pessoas nos momentos de aflição ou necessidade. Posto esse cliché a parte, esses dias fui convidado para uma pizza com champagne na residência de um casal realmente amigo. A pizza estava ótima, e o motivo do champagne eu não vou contar. O fato é que o amigo, a certo momento, demonstrou estar frustrado com um aparelho de ar-condicionado, comprado há semanas, que ainda repousava, não instalado, na área de serviço, enquanto um grande vão decorava a parede do quarto. Tá que eu não sou técnico, mas para quem já desentortou porta de carro com o joelho dentro de uma concessionária autorizada - mas isso é uma outra história - imaginei que não poderia haver tanta dificuldade em encaixar o artefato A no buraco B. O lado bom e divertido dessas coisas é que, na falta da magia adequada para executar a tarefa de forma rápida e simples, a gente pode rir enquanto quebra a cabeça na tentativa de fazer as coisas. Basta dizer que pairava sobre nós a certeza de que um pouco de KY poderia ajudar na acomodação do aparelho. O nobre anfitrião, cujo nome não citarei sob pena de revelar seu deslize de imprudência e falta de precaução, estava sem o precioso produto, e tivemos que apelar para um creme cosmético que estava por perto. Não o Victoria's Secret - o que poderia gerar uma grave crise conjugal - mas um Nivea que deu mole sobre a pia do banheiro. Infelizmente, toda a criatividade foi inútil, e acabamos por ter que desmontar a bandeja externa para conseguir mais espaço. E se você não sabe o que é a bandeja externa de um ar-condicionado, feliz de você - mas eu também não vou explicar. Se você não sabe o que é KY, o problema é muito seu (...) Resumindo uma longa história, foi serviço demorado e cansativo, mas compensatório na medida em que eu tinha a certeza de estar fazendo algo de bom pelo casal amigo, que poderia então dormir em temperatura condizente com a existência humana neste Saárico verão carioca. Ledo engano. Dia seguinte, toca o telefone. É o amigo. Me informa que a corrente elétrica de seu apartamento é 220, e a do aparelho, 110. Triste... muito triste.
Moral da história 1: da próxima vez, vamos ler o maldito manual.
Moral da história 2: Eu ODEIO as Casas Bahia.

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