5.3.09

Soneto dos sentidos

Há em mim certa urgência de ti
Que não dorme, descansa ou dá trégua.
É hábito, é mania, é uma quase terçã
Que me assalta em febre, seja noite ou manhã

E súbito sinto explodir em meu peito
Um gosto feroz, um quê de absinto
Que inebria meu senso e com que me deleito
- A lembrança perene de teu impecável leito

É assim que me entrego a teu encanto perfeito
De magia vermelha e inescapável efeito:
Sai de mim o juízo, entra em mim o teu cheiro,

E todo o resto é etéreo, todo o mundo é fantasia;
Só tua voz é concreta, só teu toque extasia
Minha ardência por ti, mais bela sinestesia!

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