28.7.04

Como antes no quartel de Abrantes

Eu tinha planejado iniciar hoje uma série de três ensaios sobre a experiência de fazer teatro, mas mudanças no comando da Polícia Militar do Rio de Janeiro me levaram a mudar o rumo da prosa para assuntos mais áridos e controversos: política e segurança pública. É no mínimo curioso que, na Guanabara, ambos andem de mãos dadas em enlace matrimonial - no caso, entre a governadora Rosinha Matheus e o secretário Anthony Menininho. Levemente acima do peso, o primeiro consorte dá-me a nítida impressão de, nas últimas semanas, estar tocando com a barriga os assuntos da segurança. Estará preocupado com a articulação da campanha de Conde à prefeitura? Bem, fato é que Pequenininho fez às pressas e a portas fechadas uma troca de comando no Batalhão de Duque de Caxias, depois de denúncias de corrpução entre policiais veiculadas pelo Fantástico. Na esteira, anunciou hoje a saída do coronel Renato Hottz do comando geral da PM. Assume o também coronel Hudson Aguiar Miranda, que trabalhava na inspertoria da corporação. A idéia é ensejar credibilidade, apostando que um corregedor no comando vá mudar as coisas, enforçando a perseguição a maus policiais que, diga-se de passagem, está mal das pernas na inspetoria, sempre tentando recuperar um furo que levou da imprensa, esses abutres, verdadeiros culpados pela situação caótica em que vivemos. Não tem jeito: a culpa é sempre do rapaz de cor. Houve mudanças também no Estado Maior da tropa. Estimulado por uma reportagem de TV no domingo à noite, Molequinho parece estar em exercício de liberação catártica por não ter conseguido a Presidência da República nas últimas eleições: está promovendo uma reforma ministerial. Pergunto: será que vai fazer diferença? Alheia, Rosinha Matheus, em solenidade na Federação do Comércio do Estado, admite a jornalistas que mudanças por vezes são necessárias; que acatou a decisão do secretário/ marido, e que a troca de comando deve de fato ser anunciada nos próximos dias. Rechonchudinho havia armado o circo horas antes, ainda de tarde. Indago: esse tipo de bola nas costas pode ser considerado infidelidade conjugal? Deixa pra lá. Fui ao Aurélio - acatar: v.t.d. 1. Reverenciar, honrar, venerar; 2. Obedecer, cumprir, seguir. Espera! Obedecer?!?! A governadora obedece às determinações do secretário? Ou deveria eu, homem de formação católica, agradecer às instâncias divinas por morar em território administrado por cristãos felizes, que vivem em harmonia marital? Será que o Mancebinho lava a louça? Será que quem manda em casa é ela? Será que quem manda no estado é ele? Pai! Quem governa o Rio?! Será a Clarissa Matheus, para orgulho político da dinastia campista, que (nove filhos!) investe - e muito - na perpetuação da espécie?!
 
Em tempo - ou fora dele - Rosinha chegou mais de uma hora atrasada à tal cerimônia. Como de costume, aliás. Atitude que fere os princípios de etiqueta da Socila. Acostumado a prazos apertados, tenho o hábito quase preconceituoso de olhar com desconfiança para pessoas incapazes de gerenciar as próprias agendas. No mais, o Exército subiu a favela do Pavão-pavãozinho atrás de fuzis roubados... Alguém aí quer largar tudo e abrir uma vendinha de artesanato em Mauá? Blahhhh... Não gosto de falar sobre política. Acabo de chegar à conclusão de que não gosto de escrever também. Deu dor de cabeça. Mas agora a burrada está feita. Amanhã ou depois eu começo a postar a série sobre teatro. Se não tiver morrido de bala perdida até lá, como aconteceu com o velhinho na Barra da Tijuca.

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