21.1.05

Mexeu com ela, mexeu comigo

Minha amiga comprou um personal cold maker nas Casas Bahia. A necessidade de possuir um ar-condicionado tornou-se irrefutável urgência doméstica após noites mal dormidas causadas pela face mais negra do efeito estufa, que só quem mora no Rio conhece. A canícula é realmente insuportável, acreditem. O problema é que ela, embora jornalista e celebridade, é ainda a mulher da casa. E como toda mulher da casa, está sendo engambelada pelos malandros da instalação, que chafurdam na desordem burocrática, estão sempre atrasados com pedidos e ordens de serviço, e se acham no direito de protelar as demandas feitas pelas moças, na certa imaginando-as ainda desamparadas e chorosas criaturas, relegadas à resignação e - por que não dizer? - à fragilidade. Pois estão enganados. Minha amiga tem amigos. A começar por mim. E padrinho de casamento que sou, é obrigação zelar pelo bem estar da família que muito prezo, até por saber que com eles posso contar na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, Amém. O marido, gozando de férias, viajou. É justo - férias a gente só tira uma vez por ano. Mas a referida consorte não está, absolutamente, indefesa: quem me é caro eu coloco embaixo da asa, e quem me conhece sabe que tenho envergadura. Se os sujeitos lá da instalação não resolverem essa modorrenta pendenga pronta e eficientemente, já falei que vou com ela naquele cafofo malcheiroso de exercício pseudo-administrativo para dar jeito na parada. Vou me apresentar como digníssimo esposo, para tomar satisfações de maneira não-tão-digna. Aí eu quero ver aqueles abusados explicarem para metro e noventa de preto enfurecido que não foi possível fazer a instalação porque o técnico especialista em cortar vidros genoveses granulados estava ocupado fazendo um curso de capacitação em observação e apreciação holística do ócio criativo... Quero ver!

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