10.4.05

Chamem o Tom Cruise!

Antes de tudo, uma explicação aos casais amigos: não divulgamos Ilha Grande porque foi resolvido em cima da hora, e embarcamos na sexta-feira pela manhã, quando os seres humanos normais - coisa que eu particularmente não sou - estão ainda trabalhando.
...Promessa é dívida. Falemos sobre sucessão papal.
A tradição católica diz que o Conclave pela escolha de um Papa deve ser inciado entre 15 e 20 dias após o falecimento de seu antecessor. Quem vive no planeta Terra e não é da Igreja Universal do Reino de Deus - sim, pasmem, a Record não deu a menor bola jornalística para a morte do sujeito - deve estar ciente de que os cardeais já estão acorrendo ao Vaticano para a eleição. E a pergunta que todos se fazem é "Quem será o substituto de João Paulo II?"
A indagação bate na tecla errada, porque João Paulo II é insubstituível, para começo de conversa. O máximo que se pode especular é sobre o perfil de seu sucessor, o que já é tarefa árdua. Depois de 26 anos à frente da Igreja, equilibrando-se entre o conservadorismo dogmático e a flexibilidade política e inter-religiosa, Karol Wojtyla deixa para quem vier uma série de dilemas. Nunca a Igreja Católica perdeu tantos fiéis. A Cúria pagou o preço nem tanto pela irredutibilidade de posições, mas por simplesmente se negar a discutir questões como uso de camisinha, aborto, divórcio, homossexualidade e bioética - aí incluídas a eutanásia e a clonagem. O último Pontífice era um líder carismático. Ponto. Mas na minha humilde opinião, não foi tão hábil na discussão e implementação de adequações da doutrina à realidade contemporânea, pelo que a migração para outras crenças foi enorme nas últimas décadas - Convenhamos: melhor do que queimar no inferno por toda a eternidade é arrumar outra religião mais complacente com os seus pecados. O próximo Papa não poderá fechar os olhos a isso. Mas como se enquadrar? Como trazer a Igreja para o século XXI?
As apostas estão correndo... onde eu trabalho temos até um bolão. As casas de apostas britânicas - sim, afinal, os ingleses apostam até as mães, se puderem - cotam Dionigi Tettamanzi como grande favorito. Ele é arcebispo de Milão, maior reduto católico da Europa. E é italiano.Vale lembrar que João Paulo II foi o primeiro não carcamano a ocupar a Cátedra de Pedro em mais de quatro séculos, e há quem defenda a tese de que a Sé deve voltar ao controle nacional de onde nunca deveria ter saído. O nigeriano Francis Arinze é o preferido dos que pensam ter chegado a hora e a vez de um Papa terceiro-mundista. E niguém seria melhor do que ele para reforçar diálogos com grupos muçulmanos, budistas e hindus. A maior população católica do mundo está concentrada nas Américas Central e do Sul, por isso a possibilidade de um pontífice latino também não está descartada. E aí nós temos D. Cláudio Hummes, arcebispo de São Paulo. Mas se Deus já é brasileiro, acho que dificilmente eles escolheriam um Papa do mesmo lugar. Seria exagero.
Os nomes são muitos, as correntes são muitas. E nesse jogo tudo pode acontecer. Fala-se em favoritos, mas é sabida nos corredores de qualquer seminário a velha máxima sobre Conclaves que diz fulano entrou Papa, saiu cardeal. Eu particularmente, penso que o próximo Pedro será italiano, mas isso é apenas um chute no escuro. De claro, sei apenas que ele terá nas costas o pesadíssimo encargo de fazer com a doutrina o que João Paulo II fez com a política vaticana: colocá-la no mapa da globalização - vocês não acreditam realmente que o sujeito levou o título de Papa Peregrino à toa, não é mesmo?! Mas há algo ainda mais complicado do que isso: o novo Pontífice assume a enorme responsabilidade de preencher o vácuo de marketing e imagem deixado por Karol Wojtyla - isto sim, uma verdadeira Missão Impossível...

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