25.11.04

Por quê fui à Floresta

Eu pretendia fazer hoje um protesto virtual contra o calor infernal que faz no Rio de Janeiro. Mas pouco antes chegar por aqui, deparei-me com o texto de uma grande amiga, preocupada com o passar dos anos, a ânsia de viver, e o medo de chegar à velhice com a impressão de não ter feito tudo o que podia para ser feliz. São preocupações legítimas. Acho que todos pensamos nisso em algum momento. Quem não pensa, deveria pensar. A leitura me lembrou de um filme que marcou minha vida em vários sentidos. A primeira vez que senti vontade de fazer teatro em toda minha ainda breve existência foi ao ver trechos de "Sonho de uma Noite Verão", de Shakespeare, encenados em "Sociedade dos Poetas Mortos". Que eu tenha experimentado a felicidade pisar pela primeira vez num palco participando justamente de uma montagem dessa peça é uma outra história a ser contada. O exemplo é só para ilustrar o quanto o filme significou para mim. Considerem que, naqueles tempos, eu era o feliz estudante de um rígido colégio para moços, interessado em literatura e poesia; e imaginem o grau de identificação que tive com os personagens da obra. Bem... o velho clichê Carpe Diem não precisa ser novamente lembrado e repetido. Letras Mortas não se prestará a isso. Mas vou tomar a liberdade de reproduzir algumas linhas citadas no roteiro, que têm muito a ver com o assunto em questão. Espero que deixem minha amiga - e todos que passarem por aqui - com o espírito um pouco mais leve:

"I went into the woods because I wanted to live deliberately. I wanted to live deep and suck out all the marrow of life... to put to rout all that was not life; and not, when I came to die, discover that I had not lived." - Henry David Thoreau

Com a livre tradução do jovem filósofo contemporâneo: "Eu fui à Floresta porque queria viver deliberadamente. Eu queria viver profundamente, e sugar a própria seiva da vida... expurgar tudo o que não fosse vida; e não, ao morrer, descobrir que não havia vivido"

E ainda os versos de Robert Herrick:

To the Virgins, Make much of Time

Gather ye rosebuds while ye may,
Old time is still a-flying,
And this same flower that smiles today,
To-morrow will be dying.

The glorious lamp of heaven, the sun,
The higher he's a-getting,
The sooner will his race be run,
And nearer he's to setting.

That age is best which is the first,
When youth and blood are warmer;
But being spent, the worse and worst
Times still succeed the former.

Then be not coy, but use your time,
and while ye may, go marry;
For having lost just once your prime,
You may for ever tarry.

Essa eu não vou traduzir porque vai dar mais trabalho, e estou de saída para a academia, o que para mim representa uma significativa porção do conceito de "Aproveitar o Dia". Faça você o mesmo, seja como for.


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