21.3.05

Entre certos (?) e errados (!!)

O Arthur Xexéo escreveu uma crônica reclamando muito porque a Diana Krall e o Lenny Kravitz não tocariam no Rio de Janeiro. Dizia que a cidade estaria, por conta de pura burocracia e má administração de certos espaços públicos, perdendo participação no grande cenário cultural brasileiro. Está Certo. Citada na crônica, a diretora da Fundação Teatro Municipal, Helena Severo, informou que não abre o teatro para shows que não sejam montagens de óperas ou concertos clássicos. Na minha muito humilde opinião, está errada. Lenny não caberia no Municipal, sejamos racionais. Diana Krall, sim. O palco não tem vocação exclusivamente clássica. Nunca teve. E anualmente abre as portas para o Prêmio Multishow. A diferença está pura e simplesmente na força da grana que ergue e destrói coisas belas - porque o aluguel do espaço não deve ser nada barato, convenhamos. Diante do argumento apresentado por Helena, Xexéo a chamou de reacionária, e afirmou que o Rio está deixando de ser "a capital cultural do país". Também está errado. Helena não é reacionária. Faz um bom trabalho. Tudo bem, ela administra um orçamento gordo, talvez não seja tão difícil. Mas o Municipal foi revitalizado nos últimos anos, e todo mundo tem direito a suas posições na vida. O Rio... bem, o Rio já não é capital cultural do país há muito tempo. Mas a nossa receita em ebulição de areia, asfalto e morro ainda rende excelentes caldos em todas as frentes de arte. Além do mais, Diana e Lenny não são cultura nacional, vamos combinar.
(...)
A Diana não veio. O Medina - o mesmo do Rock in Rio - tentou trazer Kravitz, não conseguiu. Agiu como bom empresário que é. Não deu, não deu. Está certo. O César Maia, só porque a prefeitura foi também citada pelo Xexéo, resolveu, de birra, gastar milhões para fazer o show de graça em Copacabana - em plena segunda-feira. Está errado. Duplamente errado. Triplamente errado. Segunda-feira não era dia para se dar um nó no trânsito da cidade. E a desculpa de grand finale para os festejos de 440 anos do Rio é pífia justificativa para um evento que consumiu milhões dos cofres públicos, enquanto o Panamericano - esse sim, que pode render bom retorno financeiro ao município - caminha a passos de tartaruga, e a Saúde anda do jeito que está. Será que o preço desse show - desnecessário em última anáise - não poderia ser investido em seringas, agulhas, cadeiras de roda, roupa de cama... médicos para os nossos hospitais? Pelamordedeus! Enquanto alguns milhares de adolescentes enchem a cara e pulam na areia, as Forças Armadas estão montando hospitais de campanha na cidade!! Vocês sabem o que é isso?! Tem gente sendo atendida em ambulatório de guerra!! Bem... vai ver é adequado: nós vivemos mesmo uma guerra civil não anunciada... Eu até gosto de Lenny Kravitz, mas está errado. Está muito, muito errado.

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