8.3.05

Reencontrando um amigo

Hoje subi num palco pela primeira vez em mais um menos uns três meses. Foi diferente. Desde a última vez em que fui aplaudido ao final de uma apresentação até esta bela manhã ensolarada de terça-feira, muita coisa mudou na minha vida. Prioridades foram - e estão sendo - revistas, planos foram desenhados, ambições despertadas. Que tudo isso tenha ocorrido num curto período em que eu estive afastado do teatro talvez não seja coincidência. É possível que a ausência de uma das minhas mais eficientes ferramentas de auto-análise tenha me forçado não a avaliar o quadro então presente, mas a mudar de quadro como um todo. Tela limpa, tabula rasa. Logo logo estarei de volta à acelerada rotina de textos e ensaios, de mergulhos pessoais, de contato com anjos e demônios que me dividem como habibat. Resta saber como essas diversas entidades reagirão ao meu novo quadro. Entre algumas indignações e muitos sorrisos, eu estou gostando do desenho que se forma. Estou mais calmo, mais centrado... e, paradoxalmente, mais ansioso. Estou também curioso para saber como essa nova mistura de mim vai reagir em cena. Será ebulição? Será inerte? Hoje, o palco me pareceu familiar. Apenas familiar. Como um amigo que não vemos há muito, e sempre se apresenta com aquela reserva, aquele olhar de dúvida, querendo saber se você voltou para valer.
- Eu não sei, amigo. Estive longe, vi outras coisas. Me apaixonei - por uma pessoa e por várias idéias. Não sei se voltei para valer. Mas, de qualquer forma, é muito bom te ver novo.

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