1.3.05

Todo amor que houver nesta vida

Ao longo da minha não-tão-longa caminhada, diversas pessoas me ajudaram a entender um pouco melhor o significado da palavra amor. O conceito é grandioso, e explorá-lo é coisa para se fazer em verso, não em prosa, constantemente sob risco de flerte com a pieguice sobre a autenticidade. Mas hoje vou me arriscar. Porque ontem uma certa menina me fez ver em primeira pessoa um pouco mais desse sentimento: aquela velha história de que amar é sentir-se realizado pela felicidade de outra pessoa. Isso eu sempre tinha ouvido, mas não ainda vivenciado realmente (...) Minha namorada não precisa de um diploma para dizer o quão boa jornalista é. Caprichosa, perfeccionista, com auto-crítica na dose certa, e ávida por aprendizado, ela já se mostrava uma excelente profissional antes mesmo de ser uma profissional. Mas ontem ela cortou oficialmente o cordão umbilical com a faculdade. Me lembro da alegria que senti quando passei por isso, há coisa de cinco anos. Parece que foi ontem, parece que séculos se passaram. Mas se não estou confuso, foi um momento feliz, apesar de tantas dúvidas, do peso do título, da responsabilidade. Ela, na sua vez, sorriu e chorou. A solenidade de colação, realizada em um teatro, naturalmente me despertou apetites. Houve hora em que não resisti e gritei EU TE AMO para que todos ouvissem - a acústica do espaço era ótima, acho que nem precisava ter projetado tanto a voz... Mas é que de repente, a palavra amor fica pequena. E mesmo eu, que queria falar sobre o quanto estava feliz e pleno por essa vitória dela, já me perdi em divagacões, me embaralhei como um aliterato, e estou perigosamente próximo de indesejáveis clichés. Chega um momento em que teorizar é inútil, e relatar desnecessário. Por que ao abordar o amor, de que serve a objetividade?

Deca, o que você precisa saber é que eu me orgulho muito de você. Estava linda de beca, me deixou babando de paixão e felicidade. Você merece o melhor: teve a coragem de começar tudo de novo para apostar na carreira que queria. Uma carreira difícil, cheia de altos e baixos, mas que compensa quem acredita em si mesmo. Profissionalmente, eu torço por você com amor maior que o de um amigo verdadeiro. Por ser filho único, eu não sei como é o amor de um irmão... talvez seja algo próximo. Pessoalmente, eu anseio pelo teu sorriso com o desespero de um viciado, e o deslumbramento em acalanto de quem vislumbra o paraíso. Teu simples olhar mistura tudo isso em mim. Também por ser filho único, aprendi a cultivar minhas próprias vitórias, e nunca pensei que pudesse me sentir tão realizado através de outra pessoa. É algo novo, mas agradável. A palavra amor, de fato, ficou pequena. Talvez seja melhor calar. Parabéns pela formatura, e obrigado pelo carinho nesses dois meses que completamos hoje. Você me completa (...) Pronto! - fui piegas! Não teve jeito... Agora está dito.

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