30.5.08

Balzaquiano

Os trinta chegaram com algumas lições de humildade. A vida me passou uma banda e pela primeira vez em mais de dez anos (e me espanta a naturalidade com que agora meço o tempo em décadas) estou sem as rédeas de alguns pontos da minha existência que eu pensava ter aprendido a controlar. No campo profissional, ansiedade sobre mudanças que podem vir. No pessoal, uma tentativa de resgate que se mostra deliciosa a cada encontro, mas não sem tropeços e percalços. Estou aprendendo que ser genuinamente autêntico e pedir autenticidade em retorno pode cobrar seu preço em atritos que antes a gente pensava não haver.
...No geral, entretanto, estou achando muito melhor jogar às claras. Aliás, estou achando muito melhor não jogar.
Talvez seja mais um sinal de maturidade, essa coisa que vem com a tal “experiência de vida”. Com três décadas (!!) nas costas, estou finalmente me sentindo mais velho. É como se estivesse perdendo um pedacinho da juventude, como se me assumir adulto fosse agora inevitável. Eu, que sempre fugi do termo. Com tantas dúvidas e aspectos tão importantes da vida em suspenso, me aflige não saber se vou emergir dessa transição um homem melhor - se vou crescer para o bem ou simplesmente me tornar um pouco mais duro e amargo. Ao mesmo tempo em que busco respostas e definições que tragam o alívio da solução final e me devolvam a tranqüilidade do inarredável, quero ser capaz de extrair dessas respostas algo de positivo que me alimente a alma para o futuro, seja ele qual for.
A impaciência de sempre de deixa nervoso e irritadiço. Neste momento em que as coisas parecem flutuar fora de alcance, preciso encontrar em mim mesmo, e não fora, uma medida de autocontrole que me permita ser o meu melhor. Mas acima de tudo, ser apenas eu. Coisa que – meu Deus! – pareço não ter sido há muito, muito tempo...

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