2.12.08

Sobre elas...

Mulheres são definitivamente de Vênus... ou de Saturno, ou Urano, ou algum outro planeta ou estrela que a astronomia contemporânea, com todas as suas sondas, satélites e foguetes, não conseguiu todavia mapear. Sei que não são de Marte, pois que de lá dizem que viemos nós, os homens, e certamente as duas espécies hão de ser oriundas de corpos celestes distintos. Pode querer parecer ao leigo que às vezes, só às vezes, falamos a mesma língua. Mas esta é uma troça, um jocoso, uma pilhéria divina com qual os anjos divertem-se enquanto morrem de inveja por não fazerem sexo.
(...)
Aos vinte e nove anos eu tinha certeza de que sabia o que havia para se saber sobre elas. Ou ao menos o suficiente para me dar bem e chegar à velhice sem arranhões.
Acabo de chegar à brilhantemente óbvia conclusão de que viverei dezessete encarnações sem apreender infinitesimal parcela sobre seus mistérios. E isso não quer dizer que de hora para outra reverti-me em inepto quando o assunto é universo feminino. Ao contrário, acho até que levo vantagem sobre os tais outros marcianos: fui criado por mulheres e algumas das pessoas a quem dedico amizade inarredável e irredutível são de... bem, são de outro planeta que não o meu - mas justamente aí mora a doce ironia daqueles anjos safados, patéticos voyeurs com suas lunetas cósmicas... Você aí, macho encostado, com o controle da TV na mão em preguiçosa tarde de quarta-feira, já parou para pensar que é perfeitamente capaz de entender os anseios e vontades de suas amigas - se é que as tem verdadeiramente - porém jamais vislumbrará o insondável absoluto da fêmea que escolheu para estar a seu lado... no sentido bíblico, já que estamos falando de anjos?
Definitivamente, existe algo de rodriguianamente perverso no que tange à (falta de) clareza na comunicação bilateral entre um homem e uma mulher que escolhem dividir a mesma cama. A nós, o sexo frágil - e se alguém ainda pensa o contrário precisa urgente acordar - resta a resignação em sorriso, porque só com muito bom humor é possível encarar a triste verdade da inapelável incapacidade de completo entendimento. Hemos que celebrar as diferenças e, na impossibilidade de vencê-las (às mulheres, não às diferenças), juntarmo-nos a elas com docilidade disfarçada, fazendo apenas parecer ao mundo (e desconfio de que só aos outros machos, porque acho que elas já enxergam por trás dessa miragem há muito tempo) que somos nós os reais donos da situação. Portanto sorriam, companheiros. Sorriam e abram uma boa cerveja. Sorte a nossa, afinal, sermos bichos mais simples, a quem tão pouco já basta...

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